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As operações vencedoras nas categorias de Debt, Equity e M&A da 6ª edição do Prêmio Golden Tombstone foram anunciadas na última quarta-feira (5/10), em cerimônia presencial realizada no auditório do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças de São Paulo (IBEF-SP).
Iniciativa pioneira no mercado brasileiro e criada pelo próprio instituto, o Prêmio Golden Tombstone reconhece e valoriza, a cada edição, as melhores operações financeiras realizadas no último ano. Foram 45 operações inscritas, referentes ao ano de 2021, representando o valor total de R$ 202 bilhões.
“Quem já participou de uma operação sabe o quanto tem de sangue, suor e lágrimas. Não é fácil: são muitos desafios, noites em claro e preocupações. Mas receber esse reconhecimento pelo ecossistema de finanças é um momento de muita alegria”, destacou Luciana Medeiros, presidente do IBEF-SP, durante a abertura do evento, ao pedir uma salva de palmas para todos os finalistas.
A 6ª edição do Golden Tombstone teve o patrocínio da Deloitte e o apoio da Saint Paul. A cerimônia de premiação contou com grande público presente e foi conduzida por Marcelo Pires, secretário geral do IBEF-SP. A premiação foi prestigiada pelos associado(a)s, com a participação dos times envolvidos nas operações finalistas e de vários membros da Diretoria e do Conselho de Administração do instituto. Foi, também, prestada uma homenagem a Carlos Bifulco, idealizador do Golden Tombstone.
Sustainability-linked Bond, da Klabin
Na categoria Debt, referente às operações de emissões de títulos de dívida, foi premiado oSustainability-linked Bond, emitido pela Klabin com uma iniciativa inovadora, incluindo metas de biodiversidade. O título temático de dez anos foi emitido em janeiro de 2021, no valor de US$ 500 milhões e com taxa de 3,20%. Foi o menor yield para o grupo de empresas brasileiras com o mesmo rating.
A operação inovou por se tratar da primeira empresa do mundo a vincular a sua performance em biodiversidade a um instrumento financeiro, com meta de duas ações de reintrodução de espécie nativa e quatro reforços de espécies ameaçadas.
Gabriela Woge, diretora de Finanças Corporativas, representou a companhia para receber o Golden Tombstone. ¨Essa operação tem a nossa cara, o DNA de sustentabilidade e de inovação. Ela reflete o que é o nosso compromisso e o engajamento com o meio ambiente e com toda a agenda de sustentabilidade do nosso planeta¨, disse Woge. ¨É uma honra estar em nome da Klabin para um reconhecimento incrível como esse¨, comemorou.
A executiva ressaltou a importância do engajamento do time da empresa, assessores jurídicos, financeiros, auditores e demais profissionais que fizeram a operação acontecer.
Concorreram com a Klabin, sendo reconhecidas como finalistas: a operação de ações preferenciais conversíveis emitidas pela Afya em favor do Soft Bank, apresentando estrutura hibrida inovadora; e o Sustainability-linked Bond 2031, emitido pela B3, que apontou o retorno da B3 ao mercado internacional depois de 11 anos, com metas ESG.
Follow-on, da BR Distribuidora (Vibra Energia)
Na categoria Equity, que abrange operações com ações, a operação vitoriosa foi o follow-on, da BR Distribuidora, atual Vibra Energia, apresentando o segundo maior desinvestimento da Petrobras e a criação de uma true corporation (companhia sem acionista controlador definido) – a Vibra Energia, com a venda das ações da BR detidas pela Petrobras. Foi a maior operação desse tipo na América Latina, em 2021, no valor de R$ 23,6 bilhões, com demanda de 2,2 vezes de investidores.
Guilherme Saraiva, representante da Petrobras e da Vibra, ressaltou que essa operação é um marco na Petrobras. “Em 2017, abrimos o capital da BR Distribuidora e precificamos a R$ 15, na oportunidade. Naquele momento, a Petrobras era uma empresa completamente diferente: tinha mais de US 100 bilhões em dívida bruta, sérios problemas de liquidez e uma grande incerteza no mercado. O follow-on da BR Distribuidora (Vibra), realizada em 2021, encerrou esse ciclo. Precificamos a R$ 26”, destaca.
Guilherme acrescentou que, atualmente, a Petrobras é uma empresa, com menos de US$ 60 bilhões em dívida, e que gera muito mais retorno para o país. “Em 2021, foram gerados R$ 230 bilhões entre dividendos, impostos e outras formas de retorno para o Brasil”, completou Guilherme.
“Fomos finalistas (do Golden Tombstone) com o IPO, batemos na trave. Fomos finalistas com o primeiro follow-on e, agora, fomos premiados. Não precisamos pedir música”, completou bem-humorado o executivo. Ele agradeceu ao time da Vibra, à Petrobras e aos assessores financeiros e jurídicos que tornaram a oferta possível.
Foi, também, reconhecida como finalista, nessa categoria, a operação de IPO da Smart Fit, que teve os desafios da estreia na Bolsa de Valores, com academias fechadas em meio à pandemia.
Aquisição da Biosev pela Raízen
Na categoria M&A, foi premiada a compra da Biosev pela Raízen, concluída em 2021. A operação envolveu a complexidade da Raízen realizar a maior aquisição do setor sucroenergético, ao passo em que fazia o maior IPO do ano do Brasil, no mesmo período. Parte do use of proceeds do IPO foi utilizado para liquidar, em caixa, uma fatia das dívidas da Biosev. A transação firmou a liderança da Raízen no setor e possibilitou criação de valor estimada em R$ 8,8 bilhões, decorrentes das sinergias capturadas.
Wellington Bravo, diretor Financeiro da Raízen e um dos líderes da transação, relatou que a operação durou quase três anos, desde a concepção até a conclusão. “Foram três anos batalhando, virando noites, madrugadas… E ainda veio a pandemia. Foi bem ‘divertido’. Resiliência ao extremo, mas deu tudo certo”, disse, bem-humorado.
A estrutura para viabilizar a operação incluiu restruturação societária, fechamento de capital, reestruturação de dívida e pagamento de dívidas com performance de exportação.
“Uma curiosidade: foi uma transação que o Dr. Rubens Ometto, dono da Cosan, tentou fazer por três vezes. Quando a emplacamos, ele ficou muito feliz. Devemos essa oportunidade a ele”, completou Bravo, acrescentando, ainda, a parceria com o escritório Pinheiro Neto e demais assessores.
A aquisição possibilitou à Raízen somar oito novos bioparques aos seus 25 já existentes e envolveu a implementação e integração de mais de 200 sistemas, 500 procedimentos e protocolos.
“Mas o melhor de tudo foi integrar dez mil vidas ao nosso time, de quase 50 mil funcionários. Estamos trabalhando há quase um ano para que todos estejam com saúde, segurança e muito felizes no ambiente Raízen”, ressaltou o diretor.
Foram, também, reconhecidas entre as finalistas, nesta categoria: a venda dos ativos da Laureate no Brasil, adquiridos pelo Grupo Ânima; e a aquisição da Hering pelo Grupo Soma.
Reconhecimento aos assessores financeiros e jurídicos
Em linha com seu propósito de valorizar todos os assessores envolvidos nas operações, o Golden Tombstone 2022 prestou homenagem ao Itaú BBA e ao escritório Demarest, como assessor financeiro e assessor jurídico, respectivamente, que mais submeteram inscrições para esta edição.
Ganharam, ainda, menções honrosas a Vinci Partners (assessor financeiro) e o Pinheiro Neto Advogados (assessor jurídico).
Quase R$ 1 trilhão em operações avaliadas
Presidente da Comissão Organizadora do Prêmio e vice-presidente da Diretoria do IBEF-SP, Augusto Martins destacou a relevância que o Golden Tombstone conquistou ao longo de suas seis edições.
“Atingimos quase RS 1 trilhão de valor em operações avaliadas ao longo desse tempo. Isso mostra a representatividade e a magnitude alcançada pelo prêmio”, afirmou.
Ronaldo Fragoso, líder de alianças e ecossistemas da Deloitte e VP da Diretoria do IBEF-SP, fez um reconhecimento especial a todas as empresas que submeteram operações para esta edição.
“É importante lembrar que, nos últimos dois, quase três anos, continuamos na crise, em meio à pandemia… Trabalhar nesse ambiente desafiador e conseguir realizar operações complexas como essas é digno de duplo parabéns”, comemorou.
Coordenador da Banca Julgadora e executivo da Saint Paul Advisors, Alexandre Paixão reforçou a percepção da grande qualidade das operações.
“Gosto de tecer homenagens a todos que se candidatam. Sempre nos indagamos se faltou alguma transação, mas temos o conforto de dizer que as operações mais legais do mercado participam, todos os anos, deste prêmio”, disse, após ser homenageado pela colaboração nas últimas três edições e confirmar sua participação na edição 2023.
Fernando Spinetti, executivo do Banco Alfa e membro da Comissão Organizadora, também recebeu uma homenagem por sua contribuição. Ele ressaltou a complexidade das avaliações feitas pela Banca Julgadora, o que demanda muitas horas dos executivos e executivas voluntários nessa missão, garantindo a credibilidade e a isenção do prêmio.
“Você sempre aprende com essas operações, por mais experiência de mercado que tenha. Então, é algo muito interessante e enriquecedor para todos os envolvidos”, declarou.
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