
- Bolsas da Europa despencam após Trump propor tarifa de 50% sobre produtos da UE.
- Setores automotivo, bancário e de luxo lideram perdas nas principais praças financeiras.
- Especialistas preveem queda no PIB europeu caso a medida seja adotada.
As bolsas da Europa encerraram a semana em queda acentuada após Donald Trump recomendar uma tarifa de 50% sobre produtos europeus. A proposta elevou o clima de tensão internacional e derrubou os mercados.
Bolsas afundam com fala de Trump
As reações nos principais mercados europeus foram imediatas. O índice DAX, de Frankfurt, caiu 1,54%, enquanto o CAC 40, de Paris, recuou 1,65%. Em Milão, o FTSE MIB teve queda ainda maior, de 1,94%. O movimento refletiu o temor de uma nova guerra comercial transatlântica.
Em Londres, o FTSE 100 cedeu 0,24%. Embora tenha fechado a semana no azul, o pregão foi marcado pela cautela. Madri e Lisboa também registraram perdas: o Ibex 35 caiu 1,18%, e o PSI 20, 0,61%. Em contrapartida, acumulam ganhos semanais.
A declaração de Trump surpreendeu. Segundo ele, a União Europeia teria sido criada para “tirar vantagem dos americanos no comércio”. Por isso, defendeu a aplicação da tarifa já a partir de 1º de junho. O anúncio foi visto como mais um passo rumo ao isolacionismo econômico.
Embora uma rodada de negociações entre os dois blocos esteja prevista para esta sexta-feira (23), analistas alertam que o dano à confiança dos investidores já está feito.
Setores estratégicos lideram perdas
As montadoras europeias foram as primeiras atingidas. A Mercedes-Benz recuou 4%, a BMW perdeu 3,7% e a Stellantis, quase 5%. O motivo é claro: os Estados Unidos representam uma fatia expressiva das exportações dessas empresas.
Além disso, bancos europeus também sentiram os efeitos. O Deutsche Bank despencou 4,2%, o Société Générale recuou 2,6% e o Unicredit caiu 3%. A expectativa de menor atividade econômica pressiona o setor, tanto na concessão de crédito quanto na confiança do mercado.
Empresas de luxo, normalmente mais estáveis, também amargaram perdas. O grupo suíço Swatch e a francesa EssilorLuxottica perderam cerca de 5%. Os investidores temem que consumidores americanos reduzam suas compras de produtos premium europeus.
Em resumo, a ameaça tarifária atingiu diretamente empresas com forte presença internacional. Os papéis dessas companhias sofreram queda generalizada e contribuíram para o recuo dos principais índices do continente.
Previsão de queda no PIB europeu
Segundo a Capital Economics, a tarifa de 50% pode provocar redução de até 1,7% na produção da Alemanha em três anos. Irlanda, Itália, França e Espanha também enfrentariam impactos negativos, com quedas que variam entre 0,5% e 4%.
Ministros da Alemanha e da Suécia criticaram publicamente a proposta de Trump. Para eles, medidas unilaterais só agravam as tensões e prejudicam a recuperação econômica global. Já Christine Lagarde, do Banco Central Europeu, sugeriu ampliar parcerias com o Canadá como forma de contornar a pressão americana.
Ainda que alguns indicadores positivos tenham sido divulgados — como a revisão para cima do PIB alemão e o avanço do varejo britânico —, esses dados não foram suficientes para inverter o pessimismo.
Como resultado, os mercados seguem atentos à rodada de conversas entre EUA e UE. Qualquer sinal de impasse pode manter a pressão sobre as bolsas na próxima semana.
Caminhos incertos à frente
A ameaça de tarifas ocorre em meio à corrida eleitoral americana, o que levanta suspeitas sobre intenções políticas. No entanto, os efeitos econômicos são reais e já começaram a repercutir globalmente.
Governos europeus precisam agir com rapidez. A aposta em diálogo e acordos bilaterais se mostra essencial para conter o avanço de medidas protecionistas. Uma escalada pode gerar perdas irreversíveis para os dois lados.
Com isso, empresas e investidores avaliam novos riscos no horizonte. A estabilidade do comércio internacional, que já enfrentava desafios, agora sofre mais um abalo. A imprevisibilidade cresce.
Portanto, o desenrolar das negociações nos próximos dias será crucial. Uma solução diplomática pode evitar o agravamento da crise e trazer alívio aos mercados europeus.