Divulgação de resultados

Choque no e-commerce: Temu afunda 19% com guerra tarifária e lucro derretendo

Dona da Temu frustra expectativas do mercado, vê lucro desabar, enfrenta boicotes comerciais e alerta para futuro sombrio.

Apoio

Choque no e-commerce: Temu afunda 19% com guerra tarifária e lucro derretendo
  • PDD frustra mercado com lucro líquido 43% abaixo do esperado e ações caem 19% no pré-mercado em NY
  • Governo dos EUA elimina isenção de tarifas e golpeia modelo de negócios da Temu
  • Concorrência local e internacional aperta margens, empresa alerta para investimentos altos e lucros sob pressão

As ações da PDD Holdings, controladora da popular plataforma de e-commerce Temu, desabaram no pré-mercado americano nesta terça-feira (27), após a divulgação de resultados financeiros decepcionantes no primeiro trimestre de 2025.

O colapso, impulsionado por pressões comerciais entre Estados Unidos e China, somado a uma queda brutal na lucratividade, acendeu o sinal de alerta para investidores e analistas.

A receita da empresa somou 95,7 bilhões de yuans (US$ 13,3 bilhões) no trimestre encerrado em março. No entanto, resultado abaixo das projeções dos analistas, que estimavam 101,6 bilhões de yuans.

O lucro líquido despencou para 14,7 bilhões de yuans, quase 50% abaixo da expectativa de 25,7 bilhões, revelando os efeitos corrosivos das tarifas comerciais e do enfraquecimento da demanda.

A resposta dos mercados foi imediata: os recibos de ações da PDD (ADR) negociados em Nova York caíam cerca de 19% no pré-mercado, indicando uma fuga de investidores preocupados com a saúde financeira da gigante chinesa.

Concorrência feroz, tarifas e lucros sob pressão

A Temu, que vinha sustentando o crescimento internacional da PDD com sua estratégia de vender produtos extremamente baratos nos EUA, enfrenta agora fortes barreiras regulatórias.

O governo norte-americano eliminou a isenção conhecida como de minimis, que permitia a entrada de pacotes de até US$ 800 sem tarifas. Isso prejudicou diretamente o modelo da Temu, cuja vantagem competitiva dependia dessa brecha fiscal.

Em teleconferência com analistas, o presidente da PDD, Chen Lei, reconheceu que o cenário é desafiador.

“Esse esforço provavelmente vai pressionar nossa lucratividade no curto prazo, e talvez por um período considerável”, afirmou.

Segundo ele, a PDD precisará reduzir taxas cobradas de vendedores e ampliar o uso de fornecedores locais, para adaptar o negócio à nova realidade internacional.

A empresa também encara crescimento mais lento. A taxa de expansão da receita caiu para 10% no trimestre, contra 24% no anterior e 131% dois trimestres atrás. Contudo, uma desaceleração drástica para uma companhia que vinha sendo considerada uma das mais promissoras do e-commerce global.

Ameaças globais e contraste com rivais

Além das restrições nos EUA, a Temu encara ameaças regulatórias crescentes em outros mercados. O Japão estuda acabar com isenções fiscais para encomendas de pequeno porte, e a União Europeia pode adotar uma tarifa fixa sobre pacotes vindos da China, contudo, uma medida que atingiria diretamente a operação da Temu.

Enquanto a PDD sangra, suas principais concorrentes ganham fôlego. A JD.com registrou o maior crescimento de receita em três anos, impulsionada por estímulos estatais. A Alibaba também superou as expectativas no varejo doméstico, mesmo com resultados consolidados mais fracos.

Pequim, por sua vez, vem ampliando subsídios para renovação de bens de consumo (como celulares e carros), o que pode fortalecer empresas com foco no mercado interno. Porém, para plataformas como a Temu, altamente dependentes de exportações para o Ocidente, essas políticas têm efeito limitado.

Analistas preveem margens espremidas

Para Catherine Lim e Trini Tan, analistas da Bloomberg Intelligence, os lucros da PDD devem continuar sob forte pressão.

“Subsídios mais generosos para ajudar os vendedores da Temu a absorver os aumentos de custos com tarifas e disrupções nas cadeias de suprimento provavelmente afetaram os lucros da PDD após o início da guerra comercial entre China e EUA”, afirmam.

Com um cenário global instável, concorrência chinesa crescente e tarifas mais rigorosas, o desafio da PDD será manter relevância e rentabilidade fora da China. O mercado, portanto, reagiu com desconfiança, e o baque nas ações mostra que a lua de mel da Temu com investidores pode ter chegado ao fim.

Rocha Schwartz
Paola Rocha Schwartz

Estudante de Jornalismo, movida pelo interesse em produzir conteúdos relevantes e dar voz a diferentes perspectivas. Possuo experiência nas áreas educacional e administrativa, o que contribuiu para desenvolver uma comunicação clara, empática e eficiente.

Estudante de Jornalismo, movida pelo interesse em produzir conteúdos relevantes e dar voz a diferentes perspectivas. Possuo experiência nas áreas educacional e administrativa, o que contribuiu para desenvolver uma comunicação clara, empática e eficiente.