
- Shein antecipa guerra tarifária e aumenta preços em até 377% nos EUA
- Novas regras americanas eliminam isenção para compras abaixo de US$ 800
- Consumidores já sentem o impacto nos preços de produtos de beleza, cozinha e roupas
As plataformas asiáticas de comércio eletrônico, como Shein e Temu, já começaram a repassar os custos da nova guerra tarifária dos EUA para os consumidores. A Shein, gigante do fast fashion, aumentou em até 377% os preços de seus produtos nos Estados Unidos na última semana de abril.
O movimento, portanto, antecipa os efeitos das tarifas de até 120% que o governo americano pretende impor a pequenos pacotes importados da China e de Hong Kong.
Produção e estrutura
Em resposta às ameaças de tarifas, a Shein e a Temu buscaram alternativas. A Shein incentivou fornecedores chineses a estabelecer produção no Vietnã, enquanto a Temu pediu que fábricas enviassem diretamente aos armazéns americanos, adotando uma estrutura de “meia-custódia”.
Mesmo assim, os preços dispararam. Em média, subiram cerca de 10% nos EUA entre os dias 24 e 26 de abril, segundo levantamento da Bloomberg News com base em um carrinho de compras de 50 itens.
A maior parte dos aumentos ocorreu na sexta-feira, 25 de abril, pouco antes da aplicação das novas tarifas. Produtos de beleza e saúde lideraram os reajustes, com alta média de 51%. Itens de casa, cozinha e brinquedos registraram aumentos superiores a 30%. Em casos extremos, como kits de toalhas de cozinha, o salto foi de 377%.
Washington, por sua vez, anunciou que reduzirá drasticamente o limite de isenção para pequenas encomendas. Atualmente, produtos abaixo de US$ 800 entram no país sem taxas. A partir de maio, o novo teto cairá para US$ 100, tornando praticamente inevitável a cobrança de tarifas sobre qualquer compra internacional.
Impactos e inflação
Enquanto Trump, em 21 de abril, minimizou preocupações com a inflação, dizendo que “praticamente não há inflação” devido à queda de energia e alimentos, o cenário para produtos importados se agrava. Para consumidores americanos fãs da Shein e da Temu, a nova ofensiva tarifária já significa preços mais altos nas prateleiras virtuais.
A Bloomberg destaca que esse repasse rápido dos custos reflete os esforços das varejistas chinesas para minimizar perdas, transferindo o impacto para o consumidor final. Além das tarifas, as plataformas agora também precisam enfrentar o aumento da taxa postal para pacotes internacionais, prevista para vigorar a partir de 1º de junho.
Assim, a combinação de tarifas mais pesadas e aumento dos custos de envio ameaça transformar drasticamente a dinâmica do e-commerce de baixo custo nos Estados Unidos, pressionando tanto vendedores quanto compradores.