Pacote eleitoral

Com mercado em pânico e novos boatos eleitorais, dólar dispara no Brasil

Medidas populistas para 2026 abalaram a confiança do mercado e impulsionaram o dólar, que ignora desmentidos oficiais e fecha em firme alta.

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  • Boato sobre medidas populistas para 2026 faz dólar subir 0,84%, a R$ 5,6803, mesmo após desmentido de Haddad
  • Investidores mantêm cautela e seguem atentos à situação fiscal e ao cenário internacional
  • Mercado exige mais que negações e quer sinais concretos de responsabilidade fiscal

O mercado financeiro brasileiro viveu mais um capítulo de tensão nesta quinta-feira (15), quando o dólar disparou em meio a boatos. Estes, de que o governo prepara um conjunto de medidas para aumentar a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com foco nas eleições de 2026.

Mesmo após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, negar qualquer pacote com impactos fiscais negativos, a moeda norte-americana subiu 0,84%. Dessa forma, encerrando o dia cotada a R$ 5,6803.

A simples especulação de que o governo poderia anunciar benefícios sociais ampliados ou outras medidas de apelo eleitoral foi suficiente para reavivar temores de deterioração fiscal.

Na prática, investidores interpretaram os rumores como um sinal de que o equilíbrio das contas públicas pode ser novamente sacrificado em nome de objetivos políticos. O movimento pressionou o câmbio, que seguiu na contramão da tendência global. Assim, onde o dólar operava com leve baixa frente a moedas de países emergentes.

Mesmo com a tentativa de Haddad de tranquilizar os mercados, reforçando que não há nenhuma proposta em estudo que coloque em risco a trajetória fiscal, os investidores mantiveram postura defensiva.

Para muitos agentes do mercado, a negativa não dissipou a desconfiança. E, pelo contrário, reforçou o clima de alerta.

“É o tipo de boato que, mesmo negado, tem base em comportamentos passados do governo. O mercado não ignora esse histórico”, avaliou um gestor de câmbio.

Montanha russa no câmbio

Na B3, o contrato de dólar futuro para junho, o mais líquido atualmente, subiu 0,64% e atingiu R$ 5,6990 no fim da tarde. Nesta sexta-feira (16), os sinais de cautela permaneceram. Às 9h12, o dólar à vista subia mais 0,19%, para R$ 5,691, mantendo o viés de alta semanal.

Os investidores também voltaram suas atenções para o cenário internacional. Assim, aguardando dados econômicos dos Estados Unidos e novos desdobramentos das negociações comerciais com parceiros internacionais.

Ainda que a alta mensal do dólar seja tímida, o comportamento da moeda mostra o quanto o mercado brasileiro permanece sensível a qualquer notícia que envolva a política fiscal.

Em especial, a percepção de que o governo pode buscar, nos bastidores, maneiras de impulsionar a imagem de Lula às vésperas de um novo ciclo eleitoral. Isto, portanto, levanta sérias dúvidas sobre o compromisso com as metas fiscais de 2025.

Economistas alertam que, com a taxa básica de juros em patamares elevados e uma inflação que ainda exige atenção, qualquer sinal de descontrole nas contas públicas pode comprometer a credibilidade conquistada com muito custo.

“É um momento delicado, e qualquer ruído vira um terremoto no mercado. A comunicação precisa ser muito clara e os sinais precisam ser consistentes”, destacou Gustavo Okuyama, gestor de renda fixa da Porto.

O comportamento do dólar reforça o nervosismo dos agentes econômicos com relação ao futuro das contas públicas e à condução da política fiscal nos próximos meses. A mensagem deixada pelo mercado é clara: os investidores querem mais do que desmentidos, querem compromisso real com a responsabilidade fiscal.

Rocha Schwartz
Paola Rocha Schwartz

Estudante de Jornalismo, movida pelo interesse em produzir conteúdos relevantes e dar voz a diferentes perspectivas. Possuo experiência nas áreas educacional e administrativa, o que contribuiu para desenvolver uma comunicação clara, empática e eficiente.

Estudante de Jornalismo, movida pelo interesse em produzir conteúdos relevantes e dar voz a diferentes perspectivas. Possuo experiência nas áreas educacional e administrativa, o que contribuiu para desenvolver uma comunicação clara, empática e eficiente.