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Com mudanças no IR, ainda vale a pena investir em renda fixa? Veja o que pensam analistas

Fim da isenção para LCI, LCA e unificação do IR em 17,5% acende alerta nos investidores

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injecao dinheiro bancos
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Com a nova Medida Provisória (MP) que muda o jogo da renda fixa no Brasil, anunciada pelo governo federal na última quarta-feira (11), investidores se perguntam se vale a pena adiantar os aportes neste tipo de investimentos. Isso porque a MP unifica em 17,5% a alíquota do Imposto de Renda (IR) para aplicações como CDBs, Tesouro Direto e debêntures, e acaba com a isenção de títulos como LCI e LCA a partir de 2026.

Na prática, o investidor verá uma redução no retorno líquido desses ativos e precisará ajustar sua estratégia com urgência.

Especialistas apontam que 2025 será um ano-chave para antecipar aplicações e garantir isenção e alíquotas mais vantajosas antes das novas regras entrarem em vigor.

“Vai haver uma corrida tanto dos investidores quanto dos emissores”, afirma Marcelo Simões, head de Produtos da Terra Investimentos. “O governo está tirando os benefícios fiscais de quem pensa no longo prazo.”

O que muda e quando?

A MP prevê:

  • Fim da isenção de IR sobre LCI, LCA, CRI, CRA, FI-Infra e Fiagros
  • Alíquota única de 17,5% para CDBs, Tesouro Direto e debêntures, que hoje seguem tabela regressiva
  • Fim das alíquotas diferenciadas para ações e fundos de ações: IR também será de 17,5%
  • Nova taxação de 5% sobre dividendos pagos por FIIs e Fiagros
  • Come-cotas unificado para fundos de renda fixa e multimercados

As mudanças só passam a valer a partir de janeiro de 2026, o que abre uma janela estratégica até o fim de 2025 para garantir a manutenção das regras atuais nas aplicações feitas até lá.

Entendemos que a antecipação de investimentos nestes produtos é uma estratégia válida, especialmente para investidores de longo prazo e menor rotatividade de carteira”, avalia Lucas Constantino, estrategista-chefe da GCB Investimentos.

O estrategista destaca que as aplicações feitas em 2025 continuam isentas até o vencimento.

Onde investir agora?

LCI e LCA:
Ainda são isentas de IR até 2026. Aplicar agora assegura o benefício até o vencimento. Ideal para quem busca segurança e previsibilidade, com foco no longo prazo.

CDBs, Tesouro Direto e Debêntures:
Com a tabela regressiva ainda válida, investir hoje garante alíquota mínima de 15% para prazos acima de dois anos — melhor que os 17,5% do novo modelo.

“Historicamente o Brasil respeita o direito adquirido tributário. Investir agora em um CDB de longo prazo assegura a menor alíquota, o que pode ser um diferencial relevante”, diz Priscilla Cacavallo, gerente de investimentos da Daycoval Investe.

Qual indexador escolher?

IPCA+ (atrelados à inflação)
Boa opção para proteger o poder de compra. “Pagam juros reais acima de 7% ao ano, ideais para prazos intermediários de 2 a 5 anos”, sugere Constantino, da GCB.

Pós-fixados (CDI/Selic)
Com a Selic a 14,75%, oferecem ótima rentabilidade bruta. Recomendado para reserva de emergência e perfis conservadores, mas atenção: os rendimentos devem cair com a queda dos juros prevista para 2026.

Prefixados
Para quem aposta na queda da Selic no futuro, é hora de travar taxas acima de 13% ao ano. Indicado para quem pode esperar de 2 a 3 anos e busca diversificação.

Fique atento também a…

  • Fundos multimercado e de renda fixa: terão IR unificado em 17,5% e continuarão com o come-cotas.
  • Ações e fundos de ações: alíquota única de 17,5%, eliminando a vantagem para operações de longo prazo.
  • FIIs e Fiagros: começarão a pagar 5% de IR sobre dividendos e 17,5% sobre ganhos de capital.

Vale antecipar?

Para quem tem perfil conservador ou busca renda passiva, antecipar aplicações isentas de IR até 2025 pode ser um dos melhores movimentos do ano.

A MP ainda precisa passar pelo Congresso e enfrenta resistência, mas se for aprovada, quem se antecipar sai na frente.

“2025 será uma corrida por bons papéis. Quem se mover antes, aproveita mais”, resume Constantino.

José Chacon
José Chacon

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.

Jornalista em formação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com passagem pela SpaceMoney. É redator no Guia do Investidor e cobre empresas, economia, investimentos e política.