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Cotistas em choque: corretoras travam operações e Reag entra em quarentena no mercado

Ações da gestora desabam na B3 e corretoras bloqueiam operações em efeito dominó da operação da PF.

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Cotistas em choque: corretoras travam operações e Reag entra em quarentena no mercado
  • As ações da Reag caíram mais de 20% em dois dias após a Operação Carbono Oculto
  • Corretoras suspenderam movimentações em fundos da gestora, mesmo sem ligação direta com as investigações
  • A Reag enfrenta crise de confiança que ameaça sua sobrevivência no mercado financeiro

O dia seguinte à Operação Carbono Oculto trouxe um verdadeiro terremoto para a Reag Investimentos. As ações da companhia caíam 6,31% nesta sexta-feira (29), após já terem despencado 15% no pregão anterior. O impacto vai além da Bolsa: dezenas de cotistas de fundos administrados pela gestora não conseguiram movimentar suas posições.

A maioria das corretoras decidiu suspender operações com fundos da Reag, segundo relatos do mercado, mesmo nos casos em que a investigação não as atingiu diretamente. Na prática, investidores que quiseram vender ou comprar cotas nesta sexta simplesmente não puderam.

Bloqueio generalizado nas corretoras

A recusa das plataformas em intermediar ordens envolvendo a Reag ampliou a sensação de risco e colocou os cotistas em uma espécie de quarentena financeira. A corretora tomou a decisão mesmo para fundos sem ligação com as suspeitas levantadas pela PF.

Assim, esse bloqueio expõe a dimensão do dano reputacional. Na Faria Lima, gestores afirmam que a medida tem caráter preventivo, mas admitiram que a paralisação alimenta ainda mais a desconfiança sobre a empresa.

Especialistas percebem a perda de confiança e o mercado reage imediatamente. Portanto, mesmo sem provas de envolvimento direto em determinados veículos, o estigma já afasta investidores e instituições.

Reação em cascata

Na B3, o papel da Reag acumulava queda expressiva em dois dias, refletindo o pânico gerado pela operação. A percepção é de que a gestora se tornou “radioativa”, termo usado no mercado para descrever ativos que ninguém quer encostar.

Esse efeito dominó tende a ser duradouro. Fundos bloqueados significam investidores frustrados e perda de liquidez, o que pode comprometer a própria sobrevivência da gestora. Além disso, para alguns analistas a simples associação ao esquema já é suficiente para provocar uma corrida por saídas.

Desse modo, a interrupção de negociações abre espaço para questionamentos judiciais e pedidos de resgate, aumentando a pressão sobre a Reag.

O que pode acontecer agora

Especialistas acreditam que a gestora terá de adotar medidas rápidas para tentar reconquistar a confiança do mercado. Transparência em relação aos fundos, auditorias externas e diálogo com órgãos reguladores são apontados como passos inevitáveis.

Ademais, investidores precisam acompanhar de perto as orientações de corretoras e reguladores, avaliando estratégias de diversificação para reduzir riscos de contaminação.

Por fim, o episódio reforça a importância do compliance e da governança em um mercado que vive da confiança. Como dizem gestores veteranos da Faria Lima: “quando o investidor perde a confiança, não há ativo que sobreviva”.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.