
- A moeda americana recua mais de 1% após a China elevar tarifas sobre produtos dos EUA para 125%, intensificando a guerra comercial
- IPCA de março veio em linha com o esperado e o IBC-Br de fevereiro superou previsões, reforçando o desempenho positivo da moeda brasileira
- Investidores reavaliam o dólar em meio à instabilidade internacional, favorecendo outras moedas como o real, o euro e o franco suíço
O dólar iniciou esta sexta-feira (11) em forte queda frente ao real, enquanto investidores digerem a intensificação da guerra comercial entre Estados Unidos e China e reagem aos mais recentes indicadores de inflação e atividade econômica do Brasil.
Às 9h11, o dólar à vista operava com recuo de 1,23%, cotado a R$ 5,826 na compra e R$ 5,827 na venda. Já o contrato de dólar para maio na B3, o mais líquido atualmente, caía 0,85%, aos 5.849 pontos.
O novo movimento de aversão ao risco global impulsionou a venda de dólares e fortaleceu moedas emergentes como o real. A resposta agressiva da China às tarifas impostas pelo governo Trump intensificou a percepção de instabilidade. Assim, reduzindo a atratividade do dólar como moeda de proteção.
China responde à altura e agrava tensão comercial
Nesta sexta-feira, a Comissão de Tarifas Aduaneiras do Conselho de Estado da China anunciou um aumento drástico nas tarifas sobre produtos norte-americanos: de 84% para 125%.
A medida entra em vigor neste sábado e representa uma resposta direta à decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de elevar para 145% as tarifas efetivas sobre importações chinesas.
A escalada tarifária entre as duas maiores economias do mundo acendeu alertas nos mercados globais. Analistas destacam que a continuidade do conflito pode enfraquecer ainda mais o comércio internacional e pressionar cadeias produtivas, o que acaba prejudicando a confiança dos investidores e impactando diretamente o valor do dólar no mundo.
O reflexo imediato foi a queda da moeda norte-americana em relação a diversas divisas, atingindo o menor patamar em uma década frente ao franco suíço e impulsionando o euro acima de US$ 1,14 — movimento típico em momentos de reavaliação de riscos globais.
Dados locais sustentam o real em meio à turbulência externa
Apesar da turbulência internacional, o real encontrou suporte em dados econômicos domésticos divulgados nesta manhã. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,56% em março, exatamente dentro do esperado pelo mercado.
O avanço foi impulsionado principalmente pelo aumento no preço dos alimentos, mas não surpreendeu os analistas e trouxe alívio para os ativos locais.
Além disso, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) apresentou crescimento de 0,4% em fevereiro em comparação com janeiro, superando as expectativas de analistas consultados pela Reuters, que previam alta de 0,15%.
O resultado, no entanto, reforçou a visão de recuperação gradual da economia brasileira. Ajudando a sustentar o movimento de apreciação do real frente ao dólar.
Esses dados positivos deram aos investidores mais confiança para reduzir a exposição ao dólar, que já vinha fragilizado pelas incertezas geopolíticas.
Moeda perde força como porto seguro global
A tendência de desvalorização do dólar não se restringe ao Brasil. Em todo o mundo, investidores começaram a repensar o papel da moeda norte-americana como ativo de proteção.
Com o agravamento das tensões comerciais e a possibilidade de novos desdobramentos imprevisíveis, o dólar tem deixado de ser a primeira escolha em momentos de instabilidade. Assim, cedendo espaço a outras moedas consideradas mais estáveis, como o franco suíço e o euro.
Esse movimento, somado aos indicadores locais favoráveis, reforçou a queda do dólar frente ao real nesta sexta-feira. Apesar das incertezas externas, o Brasil apresentou um dia positivo para sua moeda. Contudo, que se beneficiou do realinhamento global das carteiras de investimento.
A continuidade dessa tendência dependerá do desenrolar das negociações comerciais entre Estados Unidos e China, além da trajetória da inflação e da atividade econômica brasileira nos próximos meses.