
- A moeda norte-americana avança frente ao real, cotada a R$ 5,905, mesmo com recuo em outros mercados emergentes
- Alta de 1,4% em março reforça expectativa de economia aquecida e aumenta atenção para o discurso de Jerome Powell
- Pausa de Trump nas tarifas à China não convence investidores, que seguem atentos à política comercial americana
O dólar à vista iniciou a quarta-feira (16) em alta frente ao real, contrariando o movimento de baixa da moeda norte-americana em outros países emergentes.
O avanço da divisa no mercado doméstico reflete a cautela dos investidores diante das incertezas sobre a política comercial dos Estados Unidos e a expectativa por declarações do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, ainda nesta tarde.
Às 10h05, o dólar à vista subia 0,24%, cotado a R$ 5,905 para venda. Já o dólar futuro, com vencimento mais próximo negociado na B3, registrava ligeira queda de 0,05%, negociado a 5.887 pontos. No mercado de turismo, a moeda era vendida a R$ 6,128, enquanto a compra girava em torno de R$ 5,948.
Apesar da valorização do dólar frente ao real, outras moedas emergentes operavam em alta frente à divisa norte-americana. Dessa forma, refletindo um movimento de busca por ativos de menor risco, alimentado pela instabilidade na política econômica dos EUA e pelas recentes decisões sobre tarifas comerciais.
Alta no varejo americano reforça dólar
As vendas no varejo dos Estados Unidos surpreenderam positivamente em março, com alta de 1,4%, de acordo com dados divulgados nesta manhã pelo Departamento de Comércio. O número superou a expectativa do mercado. Que previa, no entanto, um avanço de 1,3%, e também ficou bem acima do crescimento de 0,2% registrado em fevereiro.
Esse desempenho mais forte do consumo americano fortalece a visão de que a economia dos EUA ainda apresenta sinais de resiliência, o que pode influenciar futuras decisões do Fed sobre política monetária.
Diante disso, os investidores voltam suas atenções ao aguardado discurso do chair do Fed, Jerome Powell, marcado para as 14h30 no Economic Club de Chicago.
Será a primeira manifestação pública de Powell desde que o presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou uma pausa de 90 dias para a imposição de novas tarifas comerciais. Contudo, levantando incertezas sobre os rumos da política econômica do país.
Tensões tarifárias e instabilidade política nos EUA
Mesmo com o impulso dos dados econômicos internos, a volatilidade causada pelas recentes decisões tarifárias dos Estados Unidos continua pressionando o sentimento dos mercados.
As ações unilaterais e a falta de clareza nas estratégias comerciais adotadas por Trump enfraqueceram a confiança global na condução da política econômica norte-americana.
Embora a pausa nas tarifas tenha sido vista como uma oportunidade para novas negociações com a China, investidores permanecem céticos quanto à estabilidade das decisões de Washington.
Esse cenário tem levado os mercados a recalibrar suas apostas, com parte dos investidores buscando alternativas mais estáveis ao dólar. Ainda, como outras moedas emergentes e títulos soberanos de países com maior previsibilidade.
No entanto, no Brasil, a percepção de risco fiscal e as incertezas políticas internas limitam o movimento de valorização do real, abrindo espaço para a apreciação do dólar frente à moeda brasileira, mesmo diante do enfraquecimento da divisa no cenário internacional.