
As recentes declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em relação a guerra entre Israel e Irã está deixando o mundo de olhos abertos. Isso porque o republicano não descarta a possibilidade de atacar as terras iranianas, caso o país não se renda a acordos nucleares.
Diante disso, o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, alertou nesta quarta-feira (18), que a assistência militar direta dos Estados Unidos a Israel poderia desestabilizar radicalmente a situação no Oriente Médio.
Esses episódios tem gerado ainda mais tensão sobre o conflito, com o mundo se perguntando sobre a possibilidade de EUA, China e Rússia entrarem na guerra.
Os EUA vão atacar o Irã?
Trump afirmou nesta quarta-feira (18) que ainda não decidiu se os EUA atacarão diretamente o Irã. A declaração vem um dia após ele sinalizar apoio militar a Israel no conflito em curso contra os iranianos.
Trump disse também que o governo iraniano o procurou pedindo uma reunião, mas ele recusou, alegando que “já era tarde demais” e que a “paciência acabou”. Não há confirmação oficial de Teerã sobre esse pedido de reunião.
Em resposta, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, afirmou que qualquer ofensiva dos EUA terá “consequências sérias e irreparáveis” para os americanos.
O conflito direto entre Israel e Irã já dura seis dias, com mais de 240 mortos oficialmente reportados. Os EUA são os únicos com armamento capaz de destruir instalações nucleares subterrâneas como as de Natanz, que foram alvo de bombardeios israelenses.
Israel quer EUA na briga
Israel pressiona os Estados Unidos a entrarem militarmente no conflito com o Irã principalmente por um motivo estratégico: a bomba GBU-57 A/B, também conhecida como MOP (Massive Ordnance Penetrator), uma arma de 14 mil kg capaz de destruir instalações nucleares subterrâneas, como a de Fordo, que está a cerca de 80 metros de profundidade sob uma montanha.
O país não possui essa bomba nem aviões capazes de lançá-la. Apenas os EUA têm a aeronave necessária, o bombardeiro furtivo B-2 Spirit, para utilizar o armamento.
A destruição completa do programa nuclear iraniano exige o ataque à instalação de Fordo, algo que Israel, mesmo com a recente superioridade aérea conquistada, não consegue fazer sozinho.
Apesar dos ataques já realizados em Natanz, considerados o “coração” do programa nuclear do Irã, Fordo é ainda mais fortificada e próxima do grau de enriquecimento necessário para produzir uma bomba atômica.
Nesse sentido, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) confirmou o alto nível de enriquecimento em Fordo, e que impactos anteriores causaram contaminação apenas interna. Ainda assim, o risco de contaminação mais ampla com o uso da MOP existe.
China e Rússia podem entrar na guerra de Israel e Irã?
As duas nações já se posicionaram a favor do Irã nesse conflito, mas nenhuma direcionou palavras para um apoio militar contra Israel.
Ambas as potências têm interesses estratégicos importantes na região, mas também enfrentam limitações e adotam posturas tradicionalmente mais cautelosas quando se trata de envolvimento militar direto.
Rússia: apoio verbal e ganhos com o petróleo
A Rússia foi enfática em condenar o ataque israelense, chamando-o de “clara violação da Carta da ONU”. No entanto, não sinalizou disposição de intervir militarmente ao lado do Irã.
Especialistas apontam que o Kremlin, ainda envolvido na guerra da Ucrânia e com enormes perdas humanas e econômicas, não tem recursos para abrir uma nova frente de conflito.
Além disso, a alta do petróleo causada pela crise no Oriente Médio beneficia diretamente Moscou.
Com sanções ocidentais em vigor, o aumento de preço do barril garante bilhões em receitas extras para a economia russa, o que torna mais vantajoso para o Kremlin manter-se nos bastidores como mediador diplomático.
China: neutralidade estratégica e bilhões em jogo
A China, por sua vez, evita envolvimento direto em conflitos armados. Mesmo com um investimento de US$ 400 bilhões em infraestrutura no Irã, Pequim deve manter sua postura de neutralidade. Assim, buscando preservar o acesso ao petróleo iraniano sem comprometer suas relações comerciais globais.
Ao mesmo tempo, a diplomacia chinesa tem sido ativa. O chanceler Wang Yi conversou com autoridades iranianas e condenou a escalada militar, classificando o ataque israelense como “precedente perigoso”.
Mas, como aponta a pesquisadora Nicole Grajewski, o apoio da China ao Irã deve se limitar ao campo diplomático, especialmente no Conselho de Segurança da ONU.
Dessa forma, o consenso entre analistas é que China e Rússia atuarão como escudos políticos do Irã, bloqueando resoluções contrárias ao regime em fóruns multilaterais e mantendo o discurso crítico contra Israel e os EUA.
Contudo, nenhuma das duas potências deve fornecer armamentos ou enviar tropas, pelo menos no curto prazo.
Para ambas, o custo de um confronto direto com Israel (e possivelmente com os EUA) é alto demais.