O mundo acompanha, desde a madrugada desta sexta-feira (13), com preocupação a escalada das tensões no Oriente Médio, depois que Israel lançou um ataque em larga escala contra o Irã.
A ofensiva, descrita como “preventiva” pelo governo israelense, marca uma escalada sem precedentes na rivalidade entre os dois países — e pode ter desdobramentos graves para a estabilidade do Oriente Médio e para o equilíbrio geopolítico global.
Mas por que Israel atacou agora? O que o Irã respondeu? E o que está em jogo nesta nova fase do conflito?
Abaixo, entenda tudo sobre os ataques, o que está em jogo e os possíveis impactos desse confronto direto.
Por que Israel decidiu atacar?
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que o objetivo do ataque é atingir três alvos estratégicos do Irã:
- Infraestrutura nuclear
- Fábricas de mísseis balísticos
- Capacidades militares ligadas à Guarda Revolucionária Islâmica
Segundo as Forças de Defesa de Israel (FDI), a operação será prolongada e busca eliminar a “ameaça nuclear” iraniana de forma definitiva.
O ataque acontece um dia após o Irã anunciar retaliações à resolução da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que declarou o país em violação de seus compromissos nucleares.
Teerã, capital iraniana, ameaçou instalar centrífugas avançadas e ativar uma nova usina de enriquecimento de urânio.
Israel argumenta que o Irã tem urânio enriquecido suficiente para produzir várias bombas nucleares em poucos dias — e que o ataque era necessário para evitar isso.
Como o Irã respondeu?
Poucas horas após os bombardeios, o Irã lançou mais de 100 drones contra o território israelense.
Segundo as FDI, os alvos iranianos buscavam retaliar a morte de três de seus principais comandantes militares durante os ataques israelenses:
- O Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas
- O comandante do IRGC (Corpo da Guarda Revolucionária)
- O chefe do Comando de Emergência
Sirenes de alerta soaram até na Jordânia, que interceptou drones iranianos em seu espaço aéreo.
O chanceler iraniano classificou o ataque como uma “declaração de guerra” e exigiu que o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) intervenha imediatamente.
O que cada lado tem em seu arsenal?
Irã: grande poder ofensivo
O Irã possui o maior e mais diversificado arsenal de mísseis do Oriente Médio, com mais de 3 mil unidades, segundo o Pentágono. Entre os principais armamentos:
- Shahab-3: alcance de até 1.300 km
- Ghadr e Emad: até 1.950 km, com maior precisão
- Paveh: míssil de cruzeiro de até 1.650 km
- Fateh-110 e Zolfaghar: mísseis de curto alcance com alta precisão
- Drones kamikaze Shahed-136 e Mohajer-6: ataques e vigilância com alcance de até 2.500 km
A defesa aérea iraniana se apoia principalmente em sistemas russos como o S-300 e o S-400, embora a eficiência dessas baterias esteja sendo questionada após ataques recentes, inclusive o de hoje.
Israel: tecnologia de ponta e dissuasão nuclear
Já Israel tem uma das forças armadas mais tecnológicas do mundo:
- Sistema Iron Dome (Domo de Ferro): interceptação de foguetes de curto alcance, com taxa de sucesso acima de 90%
- David’s Sling e Arrow: defesa contra mísseis de médio e longo alcance
- Caças stealth F-35: tecnologia de ponta em ataque aéreo
- Mísseis Jericho III: com capacidade de levar ogivas nucleares a até 6.500 km
- Drones Heron TP: alcance intercontinental e autonomia de mais de 30 horas
Estima-se que Israel possua entre 80 e 100 ogivas nucleares, embora o país mantenha uma política de ambiguidade sobre o tema.
Há risco de guerra total?
A escalada é grave e inédita, mas analistas internacionais avaliam que ainda há espaço para contenção.
O temor, no entanto, é que grupos aliados ao Irã — como o Hezbollah, no Líbano — entrem no conflito, ampliando as frentes de batalha.
Outro risco é a possível interrupção do tráfego no Estreito de Ormuz, por onde passa cerca de 20% do petróleo mundial.
Embora ainda não haja impacto direto no fornecimento global, o preço do petróleo já disparou mais de 8% nesta sexta-feira, refletindo o temor de um agravamento da crise.