Alarde moderado

Investidor em alerta: operação expõe fraudes em fundos e especialistas dizem o que fazer agora

Operação da PF atinge a Faria Lima, mostra como criminosos usaram fundos e levanta dúvidas sobre a segurança do dinheiro aplicado.

Apoio

concurso da receita federal vai ser liberado com 699 vagas de emprego 1200x795 1
concurso da receita federal vai ser liberado com 699 vagas de emprego 1200x795 1
  • A Operação Carbono Oculto expôs fraudes em fundos e fintechs, envolvendo bilhões de reais
  • Especialistas alertam que a confiança do mercado está em risco e orientam cautela e diversificação
  • Órgãos reguladores devem endurecer regras para fortalecer compliance e reduzir brechas no sistema

O investidor brasileiro ficou em choque nessa semana. Isso porque a Polícia Federal deflagrou a Operação Carbono Oculto, que revelou como organizações criminosas se infiltraram em fundos de investimento e fintechs para lavar bilhões de reais.

Investidores comuns se assustam com o episódio, mesmo que ele tenha como alvos diretos fundos fechados; eles questionam a exposição e buscam proteger seus recursos.

Criminosos usaram os fundos em fraudes

Segundo a PF, pelo menos 40 fundos estiveram ligados ao esquema, sendo 21 já bloqueados, somando patrimônio de R$ 30 bilhões. Empresas associadas ao PCC controlavam parte deles e usavam estruturas financeiras para movimentar capital ilícito.

As fintechs também entraram no radar. Uma delas teria operado sozinha cerca de R$ 46 bilhões em apenas quatro anos. O modelo de “banco paralelo” expôs fragilidades regulatórias e revelou que operadores da Faria Lima podem usar até instrumentos sofisticados em fraudes.

Para Eduardo Silva, presidente do Instituto Empresa, a questão não é apenas financeira. “O dano é sistêmico. No mercado, confiança é tudo. Sem ela, até quem não foi diretamente atingido sofre”, afirmou.

O que o investidor deve fazer agora

Especialistas reforçam que o investidor não deve agir com pânico. Wellinton Depaoli, da Manchester Investimentos, recomenda priorizar instituições sólidas, ligadas a bancos tradicionais, e desconfiar de fundos que escondem onde aplicam o dinheiro.

Diversificação é essencial. Tesouro Direto, CDBs de grandes bancos e fundos de liquidez oferecem segurança adicional, além de facilidade de resgate. Já Danilo Coelho lembra que fundos com histórico consistente e crescimento gradual são mais confiáveis do que estruturas que captam bilhões em pouco tempo.

Desse modo, a psicóloga Ana Paula Hornos alerta para a importância do equilíbrio emocional. “O erro é agir na euforia ou no medo. Disciplina e estratégia são o que sustentam o investidor no longo prazo”, disse.

O risco de contaminação no sistema

Ainda que a PF tenha apontado fundos fechados como foco inicial, há receio de impacto indireto sobre fundos abertos e até fundos de pensão. Autoridades podem obrigar gestores a vender ativos para limpar carteiras, o que derrubaria os preços de crédito privado e ações.

Assim, esse risco de efeito cascata é o que mais preocupa analistas. Para Coelho, “o mercado já vive clima de tensão, e qualquer movimento brusco pode acelerar perdas”.

Além disso, há temor de que o caso desperte atenção internacional. Desse modo, os EUA podem incluir o mercado brasileiro em investigações sobre narcotráfico e terrorismo financeiro, ampliando a gravidade dos desdobramentos.

Confiança, ESG e regulação

O escândalo também reacendeu críticas à indústria de investimentos. A operação citou a Reag Investimentos, que integra o Novo Mercado da B3, mas autoridades questionaram suas práticas de compliance.

Além disso, segundo Silva, isso mostra que ESG virou mais marketing do que prática real. “Governança de verdade começa com compliance. E o que temos visto são falhas seguidas”, disse.

Agora, especialistas preveem que CVM, Banco Central e B3 devem adotar regras mais duras para elevar a transparência e reduzir brechas. Portanto, autoridades podem aumentar a pressão sobre gestoras menores, elevando custos, mas consideram a medida inevitável para restaurar a credibilidade.

Especialistas ainda não esclareceram o que ocorreu

A operação ainda levanta muitas dúvidas. Não está claro de onde partia todo o capital ilícito, nem quais fundos podem ser afetados de forma duradoura.

Depaoli lembra que investidores não sabem quando terão acesso a eventuais recursos bloqueados ou quais serão os próximos passos regulatórios. Ademais, a falta de clareza gera insegurança e aumenta a pressão sobre os órgãos de fiscalização.

Por fim, a única certeza é que a “indústria da confiança” do mercado financeiro brasileiro passa por um de seus maiores testes.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.