Queda industrial

Pé no freio: Industria perde folego em 2025

A produção industrial brasileira recuou 0,6% em novembro, marcando o segundo declínio consecutivo, mas com crescimento de 1,7% em relação ao ano passado.

Pé no freio: Industria perde folego em 2025

A produção industrial brasileira apresentou uma retração de 0,6% em novembro, conforme dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Este resultado representa o segundo recuo consecutivo do setor, após a queda de 0,2% registrada em outubro. O desempenho ficou dentro da expectativa do mercado, que apontava uma redução de 0,7%.

André Macedo, gerente da PIM Brasil, em reportagem publicado pela Exame, a diminuição da produção em novembro é influenciada por uma base de comparação mais elevada em função dos resultados positivos observados nos meses de agosto e setembro, que garantiram uma expansão acumulada de 12,7%.

“O efeito da base de comparação elevada é um dos principais fatores para o resultado negativo de novembro, além da perda disseminada entre os principais produtos do setor”.

afirmou Macedo.

O setor automobilístico, em particular, apresentou uma queda significativa de 11,5% na produção de veículos automotores, reboques e carrocerias na comparação entre outubro e novembro. No entanto, Macedo ressaltou que esse segmento, apesar da queda, ainda apresenta um crescimento de 14,2% em relação ao patamar de dezembro de 2023. Já as atividades de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis tiveram uma redução de 3,5%, refletindo também a desaceleração no setor.

A pesquisa ainda apontou que a maioria das categorias econômicas enfrentou resultados negativos em novembro. Quatro grandes categorias e 19 dos 25 ramos industriais pesquisados apresentaram taxas negativas. Os bens semi e não contidos, por exemplo, tiveram a maior variação negativa, com queda de 2,8%. Macedo explicou que essa queda foi impulsionada por itens como álcool etílico, afetado pelas condições climáticas desfavoráveis, e por produtos do setor de alimentos e bebidas, como cervejas, chope e refrigerantes, que enfrentaram desafios tanto de demanda quanto de produção.

Por outro lado, na análise de André Valério, economista sênior do Inter, a produção industrial nacional tem mostrado um crescimento consistente no acumulado do ano, com alta de 3,2%. “O ano de 2024 continua apresentando bons números, com um crescimento estimado de cerca de 3%, puxado pela produção de bens de capital, um setor que acumula uma alta de 8,8% até o momento”, afirmou Valério.

Perspectivas para 2025: desafios e oportunidades

Apesar dos desafios enfrentados nos últimos dois meses, o cenário para 2025 é de cautela. A Fiesp, por exemplo, prevê um crescimento modesto de 1,3% para a produção industrial em 2025, devido ao ambiente econômico mais desafiador, especialmente com incertezas nos mercados financeiros internacionais. Além disso, a expectativa é de que a desvalorização do câmbio traga benefícios para as exportações industriais, embora a falta de dinamismo no mercado interno ainda seja uma preocupação.

De acordo com a Fiesp, o setor industrial deverá enfrentar um crescimento mais lento devido à persistência de fatores macroeconômicos adversos, como as taxas de juros elevadas e o impacto das condições externas. A perspectiva é de que a indústria continue a se beneficiar de uma base sólida de bens de consumo e de capital, mas as condições fiscais e financeiras podem limitar um crescimento mais robusto.

Projeções de crescimento do PIB e do setor industrial

O crescimento de 3% estimado para o ano de 2024 será crucial para consolidar a recuperação da indústria. A formação bruta de capital fixo, especialmente impulsionada pela produção de bens de capital, tem sido um dos principais motores dessa expansão. No entanto, as condições externas e a inflação interna podem representar obstáculos, com os economistas alertando para a possibilidade de desaceleração no médio prazo.