
A Petrobras (PETR3)(PETR4) entregou um resultado sólido no primeiro trimestre de 2025 (1T25), mas ainda assim, analistas mantêm o pé no freio em relação ao entusiasmo com o papel.
A Genial Investimentos, apesar de reconhecer o desempenho operacional positivo e o lucro líquido acima do esperado, mantém recomendação de “Manter” e alerta: com um Brent pressionado entre US$ 60 e US$ 65, o apelo da estatal pode perder força, especialmente com um plano de investimentos mais agressivo no médio prazo.
Já a XP Investimentos aponta pequenas discrepâncias nos números em relação às suas estimativas, mas destaca a atenção total ao fluxo de caixa e aos dividendos, que, apesar de elevados, já começaram a decepcionar levemente em relação às expectativas da casa.
No trimestre, a Petrobras lucrou R$ 35 bilhões, impulsionada principalmente por efeitos cambiais positivos (+R$ 18 bilhões), que inflaram o resultado financeiro para R$ 10,6 bilhões.
O EBITDA (lucro antes juros, impostos e amortizações) recorrente consolidado foi de R$ 62,3 bilhões, praticamente em linha com o ano anterior.
Já o FCFE (Fluxo de Caixa Livre para o Acionista) chegou a US$ 2,8 bilhões, o que representa um yield anualizado de 14%, segundo a XP — um número expressivo, mas visto como insustentável diante do atual nível de preços do petróleo.
Brent menor, CAPEX maior: a equação complicada
A Genial destaca que, embora a distribuição de R$ 11,7 bilhões em dividendos (R$ 0,91 por ação) represente um dividend yield trimestral de 2,9% (11,4% anualizado), isso não deve se repetir com o Brent rodando abaixo de US$ 70 e os investimentos em alta.
A companhia já executou US$ 4 bilhões em investimentos no 1T25, em linha com a previsão anual da XP (US$ 16 bilhões).
Segundo a Genial, o novo plano estratégico 2025-2029 está “com o pé no acelerador”, o que pressiona o caixa e pode colocar dúvidas sobre a sustentabilidade do fluxo de dividendos no médio prazo.
Produção avança, mas margens apertam Petrobras
Do lado operacional, a Petrobras viu sua produção aumentar para 2,7 milhões de barris por dia, puxada pelo início da operação do FPSO Almirante Tamandaré (Búzios 7), que tem capacidade para 225 mil barris/dia.
A produção do pré-sal já representa 73% do total. Apesar do bom desempenho produtivo, margens de refino seguem comprimidas e o segmento de gás e energia de baixo carbono recuou 15% no EBITDA a/a, segundo dados da Genial.
Dívida sob controle, mas vigilância permanece
A dívida líquida da empresa permaneceu estável em US$ 15,4 bilhões, com alavancagem ainda confortável em 1,45x EBITDA.
O novo teto para limitar dividendos é de US$ 75 bilhões em dívida bruta, valor ainda distante da atual posição da Petrobras, que fechou o trimestre com US$ 64,5 bilhões.