
- Portfólio da holding inclui negócios ligados ao Master, muitos já afetados pela crise
- Titan enfrenta desmonte após prisão de Vorcaro e liquidação do Master
- Ativos como Veste e Light tiveram compradores que concluíram a venda, e a Oncoclínicas atribuiu ao banco as perdas bilionárias que registrou
A Titan, holding pessoal de Daniel Vorcaro, enfrenta uma rápida deterioração após a prisão do empresário na Operação Compliance Zero. Mesmo instalada em um dos endereços mais caros da Faria Lima, com estrutura marcada por luxo extremo, a empresa viu parte relevante de seus ativos perder valor ou ser vendida em meio ao colapso do Banco Master.
A liquidação extrajudicial da instituição financeira desencadeou revisões internas, comunicados ao mercado e ajustes emergenciais nas empresas ligadas ao grupo. Procurada, a Titan não se pronunciou, repetindo o silêncio observado desde o início da crise.
Um império montado no luxo, agora afetado pela crise
A Titan ocupa 4 mil metros quadrados no chamado “prédio da baleia”, divididos em dois andares que contam com elevador privativo para o heliponto.
Embora o espaço comporte centenas de funcionários, apenas cerca de dez pessoas trabalham ali. A estrutura inclui academia, sauna, hidromassagem, adega com centenas de vinhos, bar estilo inglês e um fumódromo abastecido com charutos cubanos.
O estilo ostentação, já conhecido no mercado, seguia como assinatura de Vorcaro. A ambientação chamava atenção até mesmo na Faria Lima, onde escritórios luxuosos buscam impressionar clientes e investidores. Ainda assim, o cenário mudou de forma brusca após o avanço das investigações.
Com a queda do Master, empresas ligadas à Titan passaram a reportar exposição relevante a CDBs do banco, enquanto outros ativos foram vendidos para cobrir rombos ou evitar perdas maiores. O processo colocou todo o portfólio sob pressão.
Ativos vendidos, perdas divulgadas e reações ao mercado
A holding se apresenta como uma reestruturadora de empresas, apontando como caso de sucesso o grupo de moda Veste. A operação havia convertido dívidas em ações por meio da WNT Capital, tornando-se controladora de 56% da companhia. Com a crise, o ativo foi vendido ao BTG Pactual.
Outra aposta indicada como bem-sucedida foi a participação na Oncoclínicas, que firmou compromisso de subscrição de até R$ 1 bilhão em novas ações por meio dos fundos Quíron e Tessália, ambos ancorados pelo Master.
Após a liquidação, a própria Oncoclínicas informou ter R$ 433 milhões em CDBs do banco, dos quais R$ 216 milhões representavam perda potencial imediata.
Em reação, a Oncoclínicas anunciou que exercerá a compra das cotas dos fundos afetados, avaliadas em R$ 203 milhões. As ações da companhia despencaram quase 18% em novembro, em reflexo direto do impacto financeiro e da turbulência do Master.
Portfólio desmontado e negócios ligados ao Master desabam
Dos 29 negócios listados pela Titan em seu site, sete estão diretamente ligados ao Banco Master, incluindo a corretora do grupo e o Credcesta, voltado ao crédito consignado. Nesse sentido, apenas o Will Bank permanece ativo, ainda em negociação de venda e não atingido pela liquidação do Banco Central.
Ademais, outros negócios vinculados ao ecossistema de Vorcaro também sofreram reviravoltas. Augusto Lima, ex-sócio de Vorcaro no Master e também preso na operação, comprou o Banco Voiter. Com isso, a conexão entre os ativos se tornou ainda mais evidente.
A Titan ainda mantinha no portfólio empresas já vendidas, como o Fasano Itaim, a mineradora Itaminas e a participação na Light, repassada ao BTG junto com outros ativos que somaram R$ 1,5 bilhão. Por fim, diversos desses negócios tiveram participação do empresário Nelson Tanure em diferentes momentos.