Continua após o anúncio
- O presidente argentino, Javier Milei, planeja demitir 70.000 funcionários públicos nos próximos meses.
- Medidas incluem congelamento de obras públicas e fim de financiamento para governos provinciais.
- Mais de 200.000 planos de assistência social considerados “corruptos” serão encerrados.
- Milei busca alcançar equilíbrio fiscal, enfrentando resistência dos sindicatos.
- Discurso no Fórum IEFA Latam em Buenos Aires enfatizou cortes intensos em gastos públicos.
- Inflação anual de 276% contribui para erosão de salários e pensões.
- Apesar das medidas, pesquisas mostram aumento no otimismo sobre a economia.
- No entanto, greves e manifestações podem complicar a implementação das políticas.
O presidente argentino, Javier Milei, declarou que 70 mil funcionários públicos devem ser demitidos nos próximos meses. O anúncio foi feito durante um discurso de uma hora no Fórum IEFA Latam que aconteceu em Buenos Aires na última terça-feira (26). No discurso, ele denunciou a erosão dos salários e das pensões causada pela inflação anual de 276%. Milei enfatizou sua determinação em implementar cortes intensos nos gastos públicos, referindo-se a isso como “motosserra”, um dos símbolos de sua campanha.
“O ajuste fiscal que fizemos tem muito de liquidificador. Há muito mais motosserra”Declarou Javier Milei em um discurso de uma hora no Fórum IEFA Latam em Buenos Aires, referindo-se à erosão dos salários e pensões pela inflação anual de 276%.
Apesar de representar apenas uma pequena fração dos 3,5 milhões de trabalhadores do setor público da Argentina, esses cortes de empregos encontrarão resistência dos poderosos sindicatos do país e podem prejudicar a aprovação de Milei. Um sindicato que representa alguns trabalhadores do governo já entrou em greve em resposta aos planos de demissão. O secretário-geral da Associação dos Trabalhadores do Estado (ATE) reagiu rapidamente na rede social X, antigo Twitter, anunciando uma greve nacional sem fornecer mais detalhes.
Por outro lado, Milei citou pesquisas que indicam um aumento no otimismo dos argentinos em relação ao futuro da economia e um aumento na confiança pública no governo, apesar das medidas de austeridade. No entanto, a reação negativa dos sindicatos e a possibilidade de manifestações e greves futuras podem complicar a implementação dessas políticas.
Contexto do Plano ‘Motosserra’
Na semana passada, o chefe do executivo argentino desencadeou uma onda de controvérsia ao anunciar, em rede nacional, um novo pacote de medidas. Estas foram aprovadas diretamente pelo Executivo, contornando o debate no Congresso.
O “megadecreto” assinado em 20 de dezembro – pouco depois de enfrentar o primeiro de vários protestos de organizações sociais – reescreve ou revoga 366 leis em vigor no país. Seu propósito é desregulamentar diversos setores da economia, abrangendo desde o trabalho e o comércio até imóveis, saúde e esportes.
O polêmico “decreto de necessidade e urgência” (DNU) desencadeou uma série de panelaços em diferentes regiões do país, além de levantar dúvidas sobre sua legitimidade constitucional, que provavelmente serão levadas à Justiça argentina.
Uma das medidas implementadas é a desregulamentação dos preços, o que deve acarretar um aumento adicional no custo de vida do país.
Além disso, somam-se a esses dois pacotes as medidas rigorosas anunciadas pelo ministro da Economia, Luis Caputo, dois dias após assumir o cargo.
As “medidas de emergência” propostas por Caputo, como parte de um choque econômico para tirar a Argentina de sua estagnação, incluem uma desvalorização abrupta do peso argentino em 54% em relação ao dólar. Esse movimento teve um impacto imediato nos preços dos produtos nas lojas e supermercados.
Todas essas iniciativas, juntamente com um temporal inesperado que causou enormes danos e perdas de vidas em partes da província de Buenos Aires, fizeram de dezembro um mês tumultuado para muitos argentinos. Eles encerram o ano passado repletos de ansiedade e preocupações.
O contexto político e econômico atual na Argentina é de intensa agitação. As medidas implementadas pelo governo despertaram uma ampla gama de reações, desde protestos públicos até desafios legais.
Reverberação das medidas
O debate em torno da legitimidade dos decretos de Milei e da constitucionalidade das ações do Executivo sob a liderança de Caputo promete se intensificar nos próximos dias. Muitos cidadãos expressam preocupações sobre o impacto dessas políticas em suas vidas cotidianas, especialmente em meio à já desafiadora situação econômica do país.
Enquanto isso, as consequências do desastre natural recente na província de Buenos Aires continuam a se desdobrar, com comunidades locais enfrentando dificuldades significativas na reconstrução e recuperação.
À medida que a Argentina se prepara para entrar em um novo ano, há um sentimento generalizado de incerteza e instabilidade. Os desafios enfrentados pelo governo e pela população exigirão respostas rápidas e eficazes para garantir o bem-estar e a estabilidade do país.
Follow @oguiainvestidor
DICA: Siga o nosso canal do Telegram para receber rapidamente notícias que impactam o mercado.