Projeções do mercado

Alimentos ficam ainda mais caros em Abril, entenda o porquê

IPC-S dispara 0,52% em abril, supera projeções do mercado e pressiona o custo de vida, com destaque para saúde, habitação e despesas pessoais

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  • Inflação acelera a 0,52% em abril, acima da mediana das projeções do mercado
  • Alta nos preços de saúde, habitação e serviços pessoais impulsiona o índice
  • Alimentos e transportes desaceleram, mas não impedem pressão sobre o custo de vida

O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), divulgado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta segunda-feira (6), avançou 0,52% no fechamento de abril, superando as expectativas do mercado e atingindo o maior patamar mensal em mais de um ano. A inflação acumulada em 12 meses agora alcança 4,49%, enquanto no ano de 2025 já soma 2,18%.

A aceleração do índice, que mede o custo de vida em sete capitais brasileiras, pressiona famílias e autoridades econômicas em meio ao debate sobre a política de juros no país.

O número veio exatamente no teto das estimativas compiladas pelo Projeções Broadcast. A mediana das previsões apontava para uma alta de 0,45%, sinalizando que o resultado de abril frustrou parte dos agentes econômicos que esperavam desaceleração.

Em comparação com março, quando o IPC-S havia subido 0,44%, a inflação mostrou uma aceleração consistente, reforçada por aumentos em itens essenciais.

Quatro dos oito grupos que compõem o índice puxaram a alta. O maior impacto veio do grupo Saúde e Cuidados Pessoais, cuja variação saltou de 1,19% para 1,41%, refletindo principalmente os reajustes em medicamentos, que tradicionalmente ocorrem neste período.

Também contribuíram para a inflação mais elevada as categorias Despesas Diversas (de 0,61% para 0,88%), Habitação (de 0,36% para 0,48%) e Educação, Leitura e Recreação, que apesar de continuar em campo negativo, reduziu o ritmo de queda (-0,53% para -0,36%).

Custos essenciais pressionam orçamento das famílias

O aumento expressivo no grupo de saúde chama atenção por afetar diretamente o cotidiano das famílias. Os reajustes em medicamentos, somados aos aumentos nos preços de produtos de higiene e serviços médicos, impulsionaram a inflação do setor.

Ao mesmo tempo, o avanço dos custos com habitação, impulsionado por tarifas públicas e manutenção residencial, reforça o peso dos itens essenciais na composição do IPC-S.

Despesas diversas, como taxas bancárias e serviços pessoais, também encareceram, afetando o bolso do consumidor. A leve melhora no grupo de educação indica uma retomada nos custos de lazer e recreação, especialmente em um cenário de reabertura econômica em alguns setores.

Alimentação e transportes perdem força, mas não aliviam o índice

Em contrapartida, houve alívio em setores importantes. O grupo Alimentação, ainda pressionado pelos preços de itens in natura, desacelerou de 0,78% para 0,72%. Também recuaram os grupos Transportes (de 0,18% para 0,10%), Comunicação (de 0,28% para 0,03%) e Vestuário (de 0,40% para 0,36%).

No entanto, a queda no ritmo de alta desses grupos não foi suficiente para compensar o avanço das demais categorias. Analistas alertam que, com os serviços ainda aquecidos e reajustes sazonais em curso, o comportamento da inflação pode seguir pressionado nos próximos meses.

Perspectivas e impacto nas decisões econômicas

Com o IPC-S acima do esperado, aumentam as dúvidas sobre o espaço do Banco Central para continuar reduzindo a taxa básica de juros. O crescimento da inflação de serviços e de bens administrados acende o sinal amarelo para o Comitê de Política Monetária (Copom), que terá de equilibrar os dados de atividade econômica com os sinais inflacionários.

Embora ainda abaixo do teto da meta oficial do governo, que é de 4,5% em 2025, o acumulado de 4,49% em 12 meses preocupa por refletir uma inflação persistente em categorias sensíveis à renda da população.

Rocha Schwartz
Paola Rocha Schwartz

Estudante de Jornalismo, movida pelo interesse em produzir conteúdos relevantes e dar voz a diferentes perspectivas. Possuo experiência nas áreas educacional e administrativa, o que contribuiu para desenvolver uma comunicação clara, empática e eficiente.

Estudante de Jornalismo, movida pelo interesse em produzir conteúdos relevantes e dar voz a diferentes perspectivas. Possuo experiência nas áreas educacional e administrativa, o que contribuiu para desenvolver uma comunicação clara, empática e eficiente.