
- Gabriel Galípolo associou a alta do dólar à inflação dos alimentos, alertando para impactos diretos sobre a população.
- O cenário fiscal instável contribui para a desvalorização do real e eleva os preços de produtos básicos.
- O governo considera a estabilidade cambial essencial para avançar em cortes de juros e controlar a inflação.
O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, afirmou que a alta do dólar pressiona diretamente os preços dos alimentos, dificultando o controle da inflação e desafiando a política monetária do Banco Central. A declaração reforça a necessidade de estabilidade cambial em um cenário de expectativa fiscal frágil e juros altos.
Câmbio em alta impacta preços básicos
O avanço recente do dólar frente ao real elevou os custos de produção e importação de alimentos, segundo o governo. Gabriel Galípolo, secretário-executivo do Ministério da Fazenda, destacou que o câmbio exerce efeito direto sobre a inflação alimentar, dificultando o controle de preços no curto prazo.
Embora o país seja forte produtor de commodities agrícolas, boa parte da cadeia depende de insumos importados. Assim, mesmo produtos cultivados internamente sofrem reajustes com a valorização do dólar, como fertilizantes e defensivos agrícolas.
Além disso, a desvalorização do real também estimula exportações, reduzindo a oferta interna. Com menor disponibilidade, os preços sobem no mercado doméstico, agravando o cenário inflacionário e afetando diretamente a população de baixa renda.
Dessa forma, o governo enxerga a estabilidade cambial como fundamental para conter pressões inflacionárias. O comentário de Galípolo sinaliza preocupação com a volatilidade da moeda e seus efeitos sobre os indicadores macroeconômicos.
Cenário fiscal fragiliza o real
Apesar da atuação do Banco Central para conter a volatilidade, o câmbio permanece sensível ao ambiente fiscal. Recentemente, dúvidas sobre o cumprimento das metas do novo arcabouço fiscal têm gerado desconfiança no mercado, pressionando o real para baixo.
A percepção de risco afasta investidores estrangeiros, o que reduz a entrada de dólares no país. Isso enfraquece a moeda brasileira e acirra os custos de importação, afetando diversos setores da economia, especialmente o de alimentos.
Galípolo associou essa fragilidade ao aumento da incerteza política, ressaltando que, sem credibilidade nas contas públicas, o câmbio tende a permanecer instável. Essa instabilidade encarece tanto produtos quanto serviços e agrava o controle inflacionário.
Portanto, mesmo com fundamentos econômicos estáveis, o real continua vulnerável. O cenário exige, segundo Galípolo, ações coordenadas que envolvam política fiscal, monetária e cambial, a fim de estabilizar os preços e recuperar a confiança dos agentes econômicos.
Política monetária encontra limitações
Apesar da trajetória de queda na taxa Selic, o Banco Central ainda enfrenta obstáculos para conter a inflação de forma consistente. O impacto do câmbio sobre os alimentos limita a efetividade dos cortes de juros, pois a inflação não responde com a mesma velocidade.
Galípolo pontuou que a inflação de serviços tem recuado, mas a de alimentos segue resiliente. Isso se deve em grande parte à influência externa, sobre a qual a política monetária tem pouco alcance direto, principalmente quando há choques cambiais.
Com isso, o espaço para novas reduções nos juros se torna mais restrito. O Comitê de Política Monetária (Copom) precisa avaliar cuidadosamente os movimentos do câmbio e seus efeitos sobre os preços antes de adotar medidas mais ousadas.
Assim, o governo sinaliza que a estabilidade da moeda é um fator-chave para avançar em uma política monetária mais estimulativa. Para isso, é necessário alinhar expectativas fiscais e reduzir ruídos políticos que desvalorizem o real.
Estabilidade cambial é prioridade
A fala de Galípolo deixa claro que o governo pretende agir para manter o câmbio sob controle. Entre as prioridades está reforçar o compromisso com a responsabilidade fiscal, além de ampliar o diálogo com o mercado para evitar surtos especulativos.
O Ministério da Fazenda também monitora atentamente o fluxo de capitais. O objetivo é evitar uma fuga que possa causar novas pressões sobre a moeda. Além disso, busca-se uma comunicação mais clara entre autoridades econômicas para reduzir incertezas.
Enquanto isso, o governo tenta acelerar medidas de estímulo à produção interna de insumos, diminuindo a dependência de importações. Essa estratégia pode atenuar os impactos cambiais sobre o custo dos alimentos.
Por fim, a equipe econômica reconhece que o combate à inflação exige múltiplas frentes. E o câmbio, embora influenciado por fatores globais, precisa de respostas internas consistentes para evitar novos picos inflacionários.