
- Banco Rendimento operou dez contas ocultas ligadas à Tycoon, fintech associada ao PCC
- Movimentações somaram mais de R$ 6 milhões em transações suspeitas
- Fintech Line realizou operações de R$ 102 milhões com a distribuidora Duvale
A Polícia Federal (PF) incluiu o Banco Rendimento e a fintech Line na lista de instituições financeiras investigadas por abrigar contas da Tycoon Technology, empresa apontada como instrumento do Primeiro Comando da Capital (PCC) no setor de combustíveis. A informação aparece no relatório da Operação Tank, deflagrada em 28 de agosto. Ademais, a ação ocorreu junto com as operações Quasar e Carbono Oculto. Foi a maior ofensiva contra a infiltração do crime organizado na economia formal.
Nesse sentido, de acordo com a PF, o Banco Rendimento teria operado dez contas ocultas da Tycoon, movimentando cerca de R$ 6 milhões em transações com “características típicas de lavagem de capitais”. Desse modo, o relatório aponta ainda que a instituição mantinha um “hígido relacionamento” com a fintech e com a distribuidora de combustíveis Duvale, outra peça central do esquema.
Esquema sob investigação
A investigação revelou que a Tycoon manteve 11 contas registradas no Banco Rendimento, além de vínculos com a Duvale.
Além disso, segundo o delegado Mateus Marins Corrêa de Sá, do Grupo de Investigações Sensíveis (GISE) da PF, as operações se assemelham a esquemas de contas-bolsão usados para mascarar a origem ilícita de recursos.
Portanto, a fintech Line teria movimentado mais de R$ 102 milhões com a Duvale. Depois, recebeu de volta cerca de R$ 31,6 milhões, valores suspeitos para a PF.
Conexões anteriores
O Banco Rendimento já tinha sido citado na Operação Concierge, deflagrada em agosto de 2024. A investigação apurou lavagem de dinheiro do PCC por meio de fintechs.
À época, a instituição alegou cumprir todas as regulamentações do Banco Central e afirmou ter encerrado vínculos com uma das empresas investigadas, o T10Bank.
Procurado novamente, o Rendimento reiterou que segue “as regulamentações do BC e órgãos competentes” desde o início de sua relação com a Tycoon.
Por fim, o Santander e a Caixa, também mencionados por abrigarem contas da empresa, informaram colaborar com as autoridades, mas não comentaram casos específicos.
O que diz o banco
Em contato com o GDI, a assessoria afirma que o banco sempre reportou de forma regular informações sobre todas as contas de seus clientes para o Banco Central, Receita Federal e os órgãos competentes.
Com isso, reforça que não havia nenhuma “conta oculta” da Tycoon na instituição.
Por fim, o Banco Rendimento refuta veementemente qualquer acusação de relação com o crime organizado.