
- S&P 500 está a 0,85% do recorde histórico, após recuperação de mais de 6% em maio e alta acumulada em junho.
- Trégua entre Irã e Israel e recuo de Trump em tarifas impulsionam otimismo cauteloso entre investidores.
- Inflação e lucros corporativos seguem como riscos, mas analistas avaliam que o caminho de menor resistência ainda é de alta.
Wall Street voltou a surpreender nesta quarta-feira (25). Após semanas de incerteza com conflitos no Oriente Médio e receios inflacionários, o S&P 500 chegou a apenas 0,85% de distância de seu recorde histórico, marcando uma virada notável em relação ao cenário de dois meses atrás, quando o índice estava à beira de um mercado em baixa.
O movimento animou investidores, mesmo com parte do mercado ainda operando no vermelho. Enquanto o Dow Jones registrava queda de 135 pontos (-0,31%), o Nasdaq Composite, puxado pelas ações de tecnologia, subia 0,25%, e o S&P 500 operava estável, mas acumulando ganho de 2,1% nos dois últimos pregões.
Trégua internacional reforça otimismo cauteloso
A recente trégua entre Irã e Israel contribuiu para melhorar o humor dos mercados. Apesar de ainda frágil, o cessar-fogo reduziu as incertezas geopolíticas que vinham pressionando ativos de risco. A expectativa é que, com a diminuição da tensão no Oriente Médio, o foco dos investidores volte para temas domésticos.
Além disso, entre eles, destacam-se as tarifas comerciais dos EUA, o desempenho corporativo, o déficit fiscal americano e a chamada “One Big Beautiful Bill”, proposta legislativa do presidente Trump. “Com a queda nas tensões externas, o mercado volta os olhos para fundamentos que realmente importam”, afirmou Chris Brigati, diretor de investimentos da SWBC, em nota a investidores.
Mesmo assim, o cenário ainda inspira cautela. Mohit Kumar, economista da Jefferies, avalia que há pouco espaço para uma disparada, mas vê viés de alta: “Não esperamos uma recuperação maciça, mas a direção natural ainda é ascendente”, afirmou.
De quase recessão a rali: a reviravolta do S&P 500
A trajetória do mercado em 2025 tem sido marcada por volatilidade. Em março, o S&P 500 entrou em correção, e em abril quase confirmou um mercado em baixa, quando caiu 18,9% desde o topo de fevereiro. O gatilho foi a política tarifária agressiva anunciada por Trump, que gerou forte aversão ao risco.
Contudo, o presidente recuou parcialmente em abril. Sendo assim, a mudança no tom, aliada à redução das tensões externas e a dados econômicos melhores, impulsionou uma rápida recuperação. Logo, o índice subiu 6,15% em maio, seu melhor desempenho mensal desde novembro de 2023. Em junho, acumula mais 3% de alta até agora.
Desse modo, Wall Street registrou o último recorde em 19 de fevereiro, impulsionada pelo otimismo com o início do segundo mandato de Trump. Portanto, agora a expectativa gira em torno da continuidade desse movimento e da capacidade da economia americana de sustentar a trajetória de crescimento com inflação sob controle.
Riscos no radar: inflação e tarifas ainda preocupam
Apesar da recuperação dos índices, analistas alertam para possíveis obstáculos no segundo semestre. Assim, o principal deles é a inflação, que pode voltar a acelerar caso novas tarifas comerciais sejam implementadas durante o verão no hemisfério norte. Isso pode forçar o Federal Reserve a manter os juros elevados por mais tempo.
Ademais, outro ponto de atenção é a sustentabilidade dos lucros corporativos. Empresas listadas no S&P 500 terão de entregar resultados sólidos para justificar os preços atuais das ações, especialmente em setores como tecnologia e consumo.
Ainda assim, a leitura predominante no mercado é de que os piores temores foram superados por ora. Portanto, a força do rali recente e a resiliência do investidor frente às adversidades são sinais de um mercado com fôlego, ainda que sujeito a solavancos.