Evitando a Falência

Bombril apresenta plano de recuperação judicial para reestruturar dívidas de R$ 2,3 bilhões

A Bombril aposta em pagamentos escalonados e reestruturação profunda para quitar dívidas de R$ 2,3 bilhões e evitar a falência.

Crédito: Depositphotos
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  • A Bombril propõe pagar 30% das dívidas maiores em dez parcelas ao longo de 9 anos e meio.
  • O plano inclui venda de ativos, reestruturação societária e captação de recursos com garantias reais.
  • A aprovação do plano por credores é decisiva para a sobrevivência da empresa.

Enfrentando um passivo de R$ 2,3 bilhões, a Bombril (BOBR4) apresentou um plano de recuperação judicial que propõe pagamentos escalonados conforme o valor do crédito, reestruturação societária e alienação de ativos. A empresa também pretende captar novos recursos para preservar as operações.

Estratégia de pagamento diferenciada

A Bombril propôs pagar suas dívidas com condições ajustadas ao perfil dos credores. Sendo assim, para quem tem créditos até R$ 20 mil, a quitação seria integral. Esse pagamento seria feito em uma única parcela corrigida pela Taxa Referencial (TR), até 30 dias após a aprovação do plano.

Por outro lado, os credores com valores superiores teriam 30% da dívida pagos em dez parcelas. Essas parcelas se distribuiriam ao longo de nove anos e meio, o que significa um período extenso de negociação e cumprimento.

Além disso, o cronograma prevê que o primeiro pagamento ocorrerá apenas 60 meses após a homologação judicial. As demais parcelas seriam quitadas a cada seis meses, também corrigidas pela TR.

Desse modo, o modelo busca equilibrar o fluxo de caixa da empresa com a pressão dos credores. Ao mesmo tempo, dá fôlego à Bombril para reorganizar suas finanças. A estratégia, portanto, visa atender às necessidades imediatas da companhia sem comprometer seus compromissos legais de longo prazo.

Medidas de reestruturação operacionais e financeiras

A proposta não se resume a prazos de pagamento. A empresa também delineou medidas de reestruturação mais amplas, envolvendo seu modelo de gestão e ativos.

Logo, entre as ações, está prevista uma reorganização societária. Essa reorganização pode incluir fusões, cisões ou alterações no controle acionário. A intenção é facilitar parcerias e reduzir a dependência de estruturas ineficientes.

Outro ponto fundamental é a criação de Unidades Produtivas Isoladas (UPIs). Com isso, a empresa poderia vender unidades sem transferir passivos, o que torna os ativos mais atrativos para investidores.

Para garantir capital de giro, a Bombril também planeja captar recursos por meio de empréstimos. Ela pretende oferecer garantias reais ou fiduciárias, elevando as chances de acesso a crédito. Caso consiga sucesso nessa captação, a empresa poderá manter sua linha de produção operando com maior estabilidade.

Origens da crise e contexto do pedido

A crise atual da empresa é reflexo de uma dívida tributária acumulada em décadas. Essa dívida levou ao pedido de recuperação judicial, apresentado em fevereiro de 2025.

A Bombril, tradicional no mercado de higiene e limpeza, tenta evitar a falência. Sua intenção é preservar empregos, manter produção e honrar compromissos.

Credores relevantes como Itaú, Santander, Atacadão e Assaí estão na lista. Essas instituições terão papel decisivo na votação da proposta. Caso decidam apoiar, podem ajudar a restabelecer a credibilidade financeira da empresa no mercado.

A gravidade da situação também reflete o desafio do setor industrial brasileiro, que enfrenta custos altos e baixa previsibilidade regulatória. Com isso, o caso da Bombril acaba simbolizando uma dificuldade estrutural de diversas empresas nacionais.

Desdobramentos e próximos passos

Com o plano entregue à Justiça, o foco agora se volta à Assembleia de Credores. Somente com a aprovação desse grupo a empresa poderá iniciar oficialmente o processo de reestruturação.

Nesse sentido, a expectativa da Bombril é que a negociação seja construtiva. Ela aposta na transparência e no diálogo como formas de garantir apoio.

Assim, analistas destacam que o plano é tecnicamente viável, mas depende da boa vontade das partes. Caso haja reprovação, a empresa pode ter que revisar termos ou mesmo enfrentar falência.

Nesse contexto, cada sinal dado pelos credores nos próximos meses será vital. A sobrevivência da empresa está diretamente atrelada ao ênfase desse apoio. Além disso, o mercado acompanhará atentamente as decisões tomadas, já que elas influenciam a percepção de risco do setor como um todo.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.