
- Brasil bate recorde com 7,3 milhões de empresas inadimplentes em março
- Micro e pequenas empresas somam 94% dos casos e acumulam R$ 146 bilhões em dívidas
- Distrito Federal, Alagoas e Pará lideram taxa de inadimplência entre os estados
O Brasil enfrentou um novo marco alarmante em março: 7,3 milhões de empresas ficaram inadimplentes, de acordo com o Indicador de Inadimplência das Empresas da Serasa Experian. Esse é o maior número já registrado desde o início da série histórica do levantamento, revelando um cenário crítico para o setor produtivo nacional.
Em apenas um mês, 100 mil novas empresas foram negativadas, em relação às 7,2 milhões registradas em fevereiro. O valor total das dívidas também atingiu um novo recorde: R$ 169,8 bilhões, superando os R$ 164,2 bilhões do mês anterior.
Acesso ao crédito
Segundo o levantamento, o setor de Serviços concentra 53% das empresas devedoras, seguido por Comércio (34,8%), Indústria (8%), setores Financeiro e Terceiro Setor (3,3%), e Primário (1%).
A economista da Serasa Experian, Camila Abdelmalack, aponta os juros elevados e o difícil acesso ao crédito como principais vilões do atual cenário.
“Esse contexto afeta especialmente os pequenos negócios, que costumam operar com pouco capital de giro e têm maior dependência do sistema bancário. Eles são os que menos conseguem amortecer os choques econômicos”, afirmou em nota.
O levantamento mostra que 6,9 milhões das empresas inadimplentes são de micro e pequeno porte, o que representa mais de 94% do total. Essas companhias acumulam mais de 48 milhões de dívidas, que somam impressionantes R$ 146,2 bilhões. O dado reforça a fragilidade dessas empresas frente à instabilidade macroeconômica e à escassez de crédito.
Além disso, o indicador revelou diferenças significativas entre as regiões do país. O Distrito Federal lidera a taxa de inadimplência com 40,9% das empresas registradas em dívida ativa.
Em seguida vêm Alagoas (40,3%) e Pará (39,8%). Já as unidades federativas com menores taxas de inadimplência são Santa Catarina (24,5%), Espírito Santo (24,8%) e Piauí (25%).
Para especialistas, o quadro atual acende um alerta sobre a necessidade de políticas públicas mais eficazes voltadas para os pequenos negócios, sobretudo no que diz respeito ao acesso ao crédito com juros mais baixos e prazos estendidos. Sem isso, dizem analistas, será difícil conter o avanço da inadimplência e restaurar a saúde financeira das empresas.
Enquanto o Banco Central mantém os juros em patamares ainda elevados para conter a inflação, o setor produtivo mais vulnerável segue arcando com os custos da estagnação.
A expectativa é que novos programas de refinanciamento e crédito direcionado possam reduzir a pressão sobre os pequenos empresários e conter o avanço do endividamento.