Desconfiança fiscal

Brasil está fora do radar dos investidores, afirma presidente do Nubank

David Vélez aponta desconfiança fiscal como principal fator e fala sobre a internacionalização do banco digital.

3 grandes investidores brasileiros
3 grandes investidores brasileiros
  • David Vélez, do Nubank, aponta que o Brasil deixou de ser prioridade para investidores devido à instabilidade fiscal
  • O Nubank planeja expandir para os EUA, África e Sudeste Asiático, visando um crescimento global
  • Com uma forte base de clientes no Brasil, o Nubank quer crescer ainda mais no México, diversificando seus produtos financeiros

O Brasil deixou de ser uma prioridade para os investidores no Fórum Econômico Mundial, realizado em Davos, Suíça, em 2025. Segundo David Vélez, cofundador e presidente do Nubank, a falta de confiança na economia brasileira tem afastado investidores internacionais, dificultando a recuperação dessa confiança.

Em sua participação no evento, Vélez destacou que, ao contrário de alguns anos atrás, quando o Brasil e a América Latina estavam em destaque devido ao seu potencial de consumo, o cenário fiscal atual tem desviado a atenção dos investidores.

“Não se fala mais do Brasil hoje. O país simplesmente não está no radar”, afirmou Vélez.

Para ele, o cenário fiscal brasileiro tem sido o principal fator dessa perda de confiança. A saída de investidores nos últimos anos, somada à instabilidade fiscal, criou um ambiente de desconfiança, que pode ser difícil de reverter.

Nubank expande foco internacional

A fintech, que se consolidou como uma das maiores instituições financeiras da América Latina, com mais de 110 milhões de clientes, já começa a olhar para o futuro além das fronteiras brasileiras.

Vélez compartilhou a estratégia de internacionalização do Nubank, que visa mercados como os Estados Unidos, a África e o Sudeste Asiático.

O executivo citou o recente investimento de US$ 150 milhões na fintech Tyme Group, que opera na África do Sul e nas Filipinas, como parte de uma estratégia mais ampla de expandir a presença global.

“Vemos uma oportunidade nos Estados Unidos, na África e no Sudeste Asiático. Esses mercados têm grande potencial para a nossa expansão”, afirmou Vélez, ressaltando o foco do Nubank na diversificação geográfica.

Além disso, a mudança de sede do banco, que atualmente está nas Ilhas Cayman, foi discutida. Embora sem detalhes definitivos, a possibilidade de transferir a sede para o Reino Unido tem sido considerada. A mudança ajudaria o Nubank a se aproximar ainda mais do mercado americano, considerado estratégico para sua expansão.

Expansão no México e consolidação no Brasil

No que diz respeito ao Brasil, Vélez afirmou que o foco para 2025 será consolidar ainda mais a operação no México. Assim, onde o Nubank já conta com cerca de 10 milhões de clientes. No Brasil, o banco já representa quase 60% da população adulta do país, um marco importante na história da fintech.

Apesar do cenário econômico desafiador, com juros altos e uma pressão constante sobre o crédito, Vélez afirmou que o Nubank não vê uma crise iminente de inadimplência.

A fintech tem ampliado sua oferta de crédito, com destaque para o empréstimo consignado e serviços financeiros. Ainda, como o recente lançamento de telefonia em parceria com a Claro.

Em relação ao crédito, o tíquete médio no Nubank gira em torno de R$ 4 mil a R$ 5 mil para empréstimos pessoais e R$ 1 mil para o cartão de crédito. Além disso, a plataforma também oferece crédito via Pix, com valores entre R$ 80 e R$ 100.

Vélez concluiu dizendo que a meta do Nubank é se tornar a principal instituição financeira para seus clientes, ou seja, que mais de 60% deles considerem o banco como sua conta principal. O banco segue focado em aumentar sua base de clientes e se tornar ainda mais presente na vida financeira das pessoas.

O futuro do Nubank parece voltado para a ampliação de sua atuação global, mesmo enquanto enfrenta desafios no mercado brasileiro e na América Latina.

A confiança dos investidores pode ser restaurada, mas para isso será necessário que o cenário fiscal do Brasil se estabilize e crie um ambiente mais favorável para o crescimento econômico sustentável.