Economia brasileira

Brasil pode entrar em recessão no final de 2025, diz ex-presidente do BC

Ex-presidente do Banco Central vê desafios para a economia brasileira e afirma que a colheita do governo Lula em 2025 será difícil.

Armínio Fraga - Reprodução: VEJA Editorial
Armínio Fraga - Reprodução: VEJA Editorial
  • Arminio Fraga alerta que o governo Lula não tem tomado as medidas necessárias para garantir um futuro econômico estável
  • Fraga defende a criação de uma “Bolsa Família Alimentação” e se opõe à alteração da meta de inflação
  • Ex-presidente do BC vê possibilidade de recessão e se preocupa com o impacto das tarifas de Trump na economia global

O ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga fez duras críticas à falta de disposição política no governo Lula para implementar reformas essenciais e fortalecer o compromisso com as contas públicas.

Em entrevista exclusiva ao PlatôBR, Fraga disse que o Banco Central está sozinho em sua missão de lidar com os desafios econômicos, sem o apoio necessário do governo. Segundo ele, o presidente Lula pode enfrentar grandes dificuldades nos próximos anos, com o Brasil colhendo “problemas” em vez de resultados positivos.

Falta de apoio ao Banco Central

Fraga destacou que, apesar do bom relacionamento pessoal entre o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, e a equipe do ministro Fernando Haddad, a gestão econômica não tem funcionado como deveria. Para ele, o BC está com uma “batata quente na mão difícil de segurar”.

O ex-presidente afirmou que o governo não tem mostrado disposição para encaminhar reformas necessárias, o que coloca o Banco Central em uma posição difícil. Fraga alertou que, sem mudanças estruturais e um compromisso sério com a responsabilidade fiscal, as perspectivas para a economia não são boas.

Críticas à gestão econômica e ao pacote de inflação

Sobre as tentativas do governo de reduzir a inflação dos alimentos, Arminio Fraga se mostrou cético. Ele defendeu a criação de uma “Bolsa Família Alimentação” voltada para a população mais carente, em vez de medidas heterodoxas de controle de preços, que ele considera ineficazes.

Na sua visão, o pacote proposto pelo governo não é suficiente para resolver o problema de forma sustentável e precisa ser repensado.

Além disso, Fraga se posicionou contra a ideia de alterar a meta de inflação do Brasil, atualmente em 3% ao ano. Ele argumentou que a proposta de mudança, defendida por parte do mercado, poderia prejudicar ainda mais a estabilidade econômica do país e comprometer a confiança nas políticas monetárias.

Recessão e incertezas no horizonte

O ex-presidente do Banco Central também alertou sobre os riscos de uma possível recessão no final deste ano, principalmente devido à falta de ações concretas do governo para estimular o crescimento.

Fraga mencionou que o Brasil ainda enfrenta uma série de desafios estruturais que podem dificultar o avanço econômico, especialmente se o governo continuar sem tomar as medidas necessárias para promover um crescimento sustentável.

Em relação ao governo Lula, Fraga comentou sobre as críticas frequentes que o presidente recebe do mercado financeiro. Ele reconheceu que Lula tem razões para se incomodar com essas críticas, mas alertou que o presidente não deve interpretar isso de forma pessoal.

Para o ex-presidente do BC, o mercado tem razões legítimas para se preocupar com a condução da economia, mas a reação do mercado não é uma questão de animosidade pessoal contra Lula, já que esse mesmo mercado aplaudiu as medidas adotadas durante o primeiro mandato do presidente.

Críticas a Fernando Haddad

Fraga também comentou sobre as críticas ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Embora o presidente do PSD, Gilberto Kassab, tenha chamado Haddad de “fraco”, Arminio Fraga minimizou essas críticas, destacando que o ministro está cumprindo as ordens do presidente.

Para ele, Haddad “faz o que o chefe dele manda” e, apesar das dificuldades, o principal responsável pelas decisões econômicas é o próprio Lula. Fraga sugeriu que Haddad poderia até se posicionar de forma mais firme, mas enfatizou que o “maestro” é sempre o presidente.

Impacto das medidas de Donald Trump

Por fim, Fraga expressou sua preocupação com as políticas econômicas globais. Especialmente, as medidas adotadas pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que têm mexido com a economia global.

O anúncio de tarifas de 25% sobre aço e alumínio, sem exceções ou isenções, incluiu o Brasil e intensificou a tensão comercial internacional. Fraga alertou que, enquanto o mundo caminhava para uma maior abertura econômica, essas medidas protecionistas podem reverter esse processo. E, contudo, gerar mais incertezas para os mercados globais.

Rocha Schwartz
Paola Rocha Schwartz
Estudante de Jornalismo, apaixonada por redação e escrita! Tenho experiência na área educacional (alfabetização e letramento) e na área comercial/administrativ