
- Preço da carne de frango caiu 7%, segundo o ministro da Agricultura, após confirmação de casos de gripe aviária no Brasil.
- Exportações estão parcialmente suspensas por 42 países, mas governo negocia reabertura gradual e regionalização das restrições.
- Recuperação deve ser lenta, mas controle da doença avança; Brasil está na metade do período de 28 dias sem novos casos comerciais.
Após a confirmação dos primeiros focos de gripe aviária no Brasil, o preço da carne de aves caiu 7% no mercado interno. Nesse sentido, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou nesta quarta-feira (4) que, apesar da queda, o cenário tende à normalização nas próximas semanas, com a retomada progressiva das exportações.
Queda nos preços preocupa, mas não é alarmante
A redução de 7% no valor da carne de frango foi atribuída às restrições impostas por dezenas de países importadores. Desde a confirmação do primeiro foco de gripe aviária, em maio, o Brasil teve que readequar parte de sua produção ao mercado interno.
Carlos Fávaro destacou que o movimento é natural, diante da suspensão de compras por parte de países relevantes, como China, União Europeia e México. No entanto, ele reforçou que a situação não inspira alarme. “Já estamos negociando a reabertura de mercados. A produção foi redirecionada e, com o avanço do vazio sanitário, esperamos uma recuperação gradual dos preços”, afirmou o ministro.
Atualmente, o Brasil está na metade do chamado “vazio sanitário”, período de 28 dias sem registro de novos casos em granjas comerciais. Com 14 dias já transcorridos, técnicos do Ministério da Agricultura monitoram focos suspeitos em diferentes regiões do país.
Exportações seguem sob fortes restrições
O cenário externo ainda é desafiador. Ao todo, 42 mercados impuseram algum tipo de bloqueio às exportações brasileiras. Entre os que suspenderam totalmente as compras estão países estratégicos, como Coreia do Sul, África do Sul e Chile. Outros adotaram restrições regionais, como Arábia Saudita e Rússia.
Há também casos específicos, como o dos Emirados Árabes, que limitaram o bloqueio ao município gaúcho de Montenegro. Segundo Fávaro, a regionalização dessas suspensões indica uma postura mais técnica dos parceiros comerciais, o que favorece o diálogo diplomático.
O ministro afirmou que a União Europeia já recebeu um questionário sanitário do governo brasileiro e analisa a possibilidade de flexibilizar sua suspensão. “Estamos trabalhando para restabelecer rapidamente a normalidade. É um processo técnico, mas já estamos vendo avanço em algumas negociações”, explicou.
Casos sob investigação e vigilância reforçada
Segundo o último boletim do Ministério da Agricultura, divulgado nesta quarta-feira (4), há oito casos de gripe aviária sob investigação no Brasil. As apurações ocorrem em cidades como Macapá (AP), Rurópolis (PA), Itatiaiuçu (MG) e Westfalia (RS), todas envolvendo criações domésticas, e não comerciais.
Fávaro mencionou ainda um caso sob análise em Teutônia (RS), envolvendo uma granja comercial, embora esse dado ainda não tenha sido incluído no sistema oficial de monitoramento. Ele ressaltou que a vigilância sanitária segue ampliada, mesmo com os avanços registrados até agora.
“Ao fim dos 28 dias de vazio sanitário, poderemos avançar com a reabertura de mercados. Permaneceremos em estado de emergência e seguiremos com investigações rigorosas para garantir confiança internacional”, afirmou o ministro.
Perspectivas de recuperação gradual animam setor
A expectativa do governo é que, mantida a atual trajetória de controle, o país consiga reduzir significativamente as restrições até o fim de junho. Ainda assim, Fávaro reconhece que a retomada será gradual. “É natural que os países tenham receio. Estamos adotando todas as medidas para garantir total transparência e segurança”, disse.
Com a reabertura parcial de alguns mercados e a resposta positiva dos parceiros à regionalização das restrições, o setor agropecuário brasileiro se mostra confiante. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) tem reforçado o papel da biosseguridade como diferencial competitivo do Brasil.
Desse modo, analistas do setor esperam uma recuperação nas exportações ao longo do segundo semestre, especialmente se o país mantiver o controle sobre novos focos. Portanto, o histórico de resposta rápida às crises sanitárias anteriores, como a febre aftosa, reforça a imagem de credibilidade internacional da produção nacional.