Famílias em luto

Com alta de impostos, serviços funerários podem se tornar inacessíveis

Nova proposta de alíquota de 19,88% coloca em risco acessibilidade e sustentabilidade dos serviços funerários.

PGBL e VGBL: qual escolher, veja a diferença
PGBL e VGBL: qual escolher, veja a diferença
  • A alíquota de 19,88% ameaça a sustentabilidade das empresas funerárias e os empregos gerados por elas
  • O encarecimento dos serviços funerários sobrecarregará as famílias e forçará a dependência do setor público
  • A reforma pode aumentar as desigualdades, especialmente em cidades pequenas, onde há poucas alternativas privadas
  • O Congresso deve revisar a tributação sobre os serviços funerários para garantir o acesso justo e digno a todos

A Reforma Tributária em discussão no Congresso Nacional pode transformar uma questão de dignidade em um grave problema social e econômico para o Brasil.

Entre os setores diretamente afetados pela proposta está o funerário, que tem como missão garantir que famílias enlutadas tenham acesso a um serviço essencial e que, em momentos de fragilidade, permite a despedida com respeito e dignidade.

No entanto, a proposta atual, que estabelece uma alíquota de 19,88%, pode colocar em risco o equilíbrio entre a acessibilidade e a sustentabilidade deste segmento tão sensível.

Impacto no setor funerário

Para entender a dimensão desse impacto, é preciso olhar além dos números. O setor funerário movimenta uma extensa cadeia produtiva que envolve diretamente mais de 250 mil pessoas no Brasil.

Pequenas e médias empresas, que representam a maioria desse mercado, podem não resistir a um aumento tão expressivo na carga tributária.

Se a proposta for aprovada, muitas dessas empresas terão que fechar suas portas, o que aumentará o desemprego e enfraquecerá ainda mais as economias locais, já sobrecarregadas por desafios financeiros profundos.

Essa realidade não é apenas preocupante para os trabalhadores e empresários do setor funerário. As famílias brasileiras também serão duramente afetadas.

O aumento do custo dos serviços funerários, em um momento de extrema vulnerabilidade emocional, pode significar um peso insustentável.

Muitas famílias serão forçadas a recorrer aos serviços públicos, que já estão sobrecarregados e com recursos insuficientes para atender à crescente demanda.

O resultado é previsível: filas de espera, precarização dos serviços e um impacto ainda maior nas comunidades mais vulneráveis.

A essencialidade dos serviços funerários

Ignorar a essencialidade dos serviços funerários na reforma tributária é abrir caminho para desigualdades ainda mais profundas.

Em cidades menores e regiões menos desenvolvidas, onde a oferta de serviços privados é limitada, a falta de alternativas adequadas priva as famílias do direito fundamental de se despedir de um ente querido com dignidade.

Quando as famílias perdem esse direito, a sociedade como um todo paga o preço. Isso se reflete não apenas na pressão sobre os sistemas públicos, mas também nos impactos emocionais e culturais que reverberam nas comunidades.

No aspecto econômico, a situação se torna ainda mais alarmante. O aumento da tributação no setor funerário pode gerar um ciclo negativo: a redução da capacidade de investimento das empresas, combinada à queda na demanda por serviços mais caros, pode resultar em retração da atividade econômica.

As empresas repassarão inevitavelmente o custo adicional aos consumidores, o que agravará a crise financeira das famílias, já sobrecarregadas por outros altos custos.

Apelo ao Congresso Nacional

O Congresso Nacional tem agora uma oportunidade crucial para agir com responsabilidade e sensatez. Os serviços funerários não são um luxo, mas sim uma necessidade básica para garantir o bem-estar da população, especialmente nos momentos de maior dor e fragilidade emocional.

Assim como hospitais e outros serviços de saúde, o setor funerário lida diretamente com a preservação da dignidade humana e com a qualidade de vida das pessoas, sendo um pilar essencial para a sociedade.

Portanto, o Congresso deve repensar a definição das alíquotas no setor funerário para refletir essa realidade, garantindo equilíbrio entre a arrecadação de impostos e a justiça social.

Ao elevar a carga tributária de serviços essenciais, o Congresso pode gerar um efeito cascata de problemas sociais e econômicos, afetando principalmente as camadas mais vulneráveis da população, aquelas que mais precisam de acesso a serviços dignos e acessíveis.

Justiça social e responsabilidade econômica

A Reforma Tributária em discussão precisa ser sensível às necessidades e especificidades de setores essenciais, como o funerário. A aprovação de uma alíquota de 19,88% para esse setor não apenas prejudicaria a sustentabilidade das empresas. Mas também afetaria gravemente as famílias brasileiras, ampliando as desigualdades sociais.

O Congresso tem a responsabilidade de reconhecer a essencialidade desse serviço e garantir que a tributação seja justa. E, ainda, equilibrada, respeitando os direitos fundamentais da população, permitindo que todos tenham acesso a serviços dignos. Especialmente nos momentos mais difíceis de suas vidas.