
- Meituan e Mixue entram no mercado brasileiro com aportes bilionários e geração de milhares de empregos
- GWM, GAC Motor e Didi aceleram transição energética e eletrificação da frota com fábricas e pontos de recarga
- Setores de semicondutores, energia limpa e tecnologia recebem injeções financeiras que somam R$ 27 bilhões
As maiores empresas da China decidiram apostar alto no Brasil. Em uma ofensiva bilionária coordenada durante o Seminário Empresarial Brasil-China, em Pequim, nomes de peso como Meituan, Mixue, GWM, Longsys e Didi anunciaram um conjunto de investimentos que somam aproximadamente R$ 27 bilhões nos próximos anos.
A Apex Brasil, responsável por promover as exportações e os investimentos estrangeiros no país, confirmou que esses aportes vão atingir setores estratégicos da economia brasileira. Como: tecnologia, energia, delivery, fast-food e automóveis. O presidente da Apex, Jorge Viana, declarou que os anúncios indicam uma nova fase da relação comercial entre Brasil e China:
“Estamos recebendo investimentos que não só geram emprego e renda, mas que também inserem o Brasil nas cadeias globais de produção”, disse ele.
As empresas
A Meituan, líder em entregas na China, revelou que vai concorrer diretamente com o iFood no Brasil. Para isso, vai investir R$ 5,6 bilhões em cinco anos e operar sob a marca Keeta, já utilizada em Hong Kong e na Arábia Saudita. A empresa pretende abrir uma central de atendimento no Nordeste. Ainda, com previsão de até 4 mil empregos diretos e 100 mil indiretos, mudando o equilíbrio no setor de delivery nacional.
No segmento de alimentação, a Mixue, maior rede de fast-food do mundo em número de lojas (45 mil, mais que o McDonald’s), anunciou sua chegada ao Brasil com investimento inicial de R$ 3,2 bilhões. A rede, no entanto, pretende abrir milhares de unidades até 2030, com a meta de gerar 25 mil empregos. Além disso, a empresa começará a importar frutas brasileiras para abastecer sua produção global de sorvetes e chás gelados.
A ofensiva também alcança o setor de alta tecnologia. A Longsys, por meio da subsidiária Zilia, já confirmou a ampliação de suas fábricas em Manaus e São Paulo. Assim, com R$ 650 milhões programados para 2024 e 2025. A empresa produz componentes essenciais para semicondutores e dispositivos de memória, contudo, setor estratégico para a soberania tecnológica.
Diversos setores
No setor automotivo, duas gigantes anunciaram movimentos importantes. A GWM vai investir R$ 6 bilhões para expandir suas operações no Brasil e exportar veículos para a América Latina. Já a GAC Motor planeja montar três modelos de carros (dois elétricos e um híbrido) em Goiás, com um plano inicial de US$ 1,3 bilhão (R$ 6,7 bilhões).
A transição energética também está no radar das chinesas. A Envision aposta até R$ 5 bilhões na instalação de um parque industrial para produção de SAF (combustível sustentável de aviação) e hidrogênio verde, enquanto a CGN vai injetar R$ 3 bilhões em um hub de energia renovável no Piauí, com projetos de energia eólica, solar e de armazenamento.
A Didi, controladora da 99, confirmou investimento na expansão do serviço de entrega e promete instalar 10 mil pontos de recarga para veículos elétricos. Já a Nortec Química selou parceria com empresas chinesas para investir R$ 350 milhões numa nova plataforma industrial no Brasil.
Com esses aportes, o Brasil não apenas fortalece sua relação com a China, mas também atrai investimentos que podem transformar setores estratégicos da economia, fomentar a inovação e gerar milhares de novos empregos nos próximos anos.