- Apple lucra US$ 24,78 bilhões no trimestre e supera previsões de analistas
- Empresa transfere produção da China para Índia e Vietnã para enfrentar tarifas
- Conselho aprova dividendo e recompra de até US$ 100 bilhões em ações
A Apple surpreendeu o mercado financeiro ao divulgar, nesta quinta-feira (1), um lucro líquido de US$ 24,78 bilhões no trimestre encerrado em 29 de março de 2025. O número representa um crescimento em relação aos US$ 23,64 bilhões registrados no mesmo período do ano anterior. O lucro por ação foi de US$ 1,65, superando as projeções dos analistas da FactSet, que previam US$ 1,61.
O desempenho positivo da empresa veio no momento em que os consumidores correram para adquirir smartphones e dispositivos antes da entrada em vigor das novas tarifas dos Estados Unidos sobre produtos fabricados na China.
A movimentação gerou uma alta na receita total da Apple, que alcançou US$ 26,65 bilhões apenas com serviços e US$ 46,84 bilhões com vendas de iPhones. As vendas de iPads também contribuíram com US$ 6,4 bilhões. Foi o melhor desempenho trimestral da Apple em mais de dois anos.
Apesar do lucro recorde, as ações da empresa caíam 2,63% no after hours em Nova York, às 17h57 (horário de Brasília). O mercado reagiu com cautela ao cenário geopolítico tenso. Especialmente, diante da dependência da Apple em relação à cadeia de suprimentos chinesa, agora sob pressão direta da política tarifária do governo Trump.
Estratégia global para enfrentar tarifas
Ciente dos riscos geopolíticos, a Apple começou a executar um plano estratégico para reduzir sua exposição à China. Em entrevista, o diretor financeiro da empresa, Kevan Parekh, revelou que a Apple pretende deslocar parte significativa da produção para a Índia e o Vietnã.
A expectativa da companhia é que, já no próximo trimestre, a maioria dos iPhones vendidos nos Estados Unidos venha da Índia, enquanto dispositivos como iPads, Macs, Apple Watch e AirPods sejam fabricados no Vietnã.
Essa decisão representa uma das maiores reestruturações da cadeia produtiva da Apple nos últimos anos. A movimentação é uma resposta direta à escalada da guerra comercial entre EUA e China. E, assim, mostra que a Apple está disposta a redefinir sua logística global para proteger seus lucros e sua base de consumidores.
Dividendos e recompra de ações
O bom momento financeiro da Apple também beneficiará seus acionistas. O conselho de administração da empresa aprovou o pagamento de dividendos em dinheiro de US$ 0,26 por ação. Contudo, que serão distribuídos em 15 de maio de 2025, a quem estiver com ações registradas até 12 de maio.
Além disso, a Apple anunciou um novo programa de recompra de ações no valor de até US$ 100 bilhões. Dessa forma, sinalizando confiança no desempenho futuro da companhia e na valorização dos papéis.
Com lucros sólidos, uma nova estratégia de produção e ações voltadas para o fortalecimento do valor ao acionista, a Apple se posiciona como uma das poucas gigantes da tecnologia que conseguem navegar com eficiência. Mesmo, em meio a turbulências políticas e econômicas globais.