
- Dilma Rousseff mostra novo mapa invertido em evento com líderes chineses, gerando polêmica internacional
- Servidores do IBGE acusam Marcio Pochmann de autoritarismo e alertam para risco à credibilidade técnica da instituição
- Novo mapa busca simbolizar liderança do Brasil no Sul Global, mas falta de diálogo técnico gera críticas
Em mais um episódio que gerou burburinho internacional e acirrou críticas internas, a ex-presidente Dilma Rousseff, atual presidente do Banco do Brics, exibiu o polêmico novo mapa-múndi do IBGE durante um evento oficial entre Brasil e China nesta terça-feira (13).
O detalhe que chamou atenção foi o formato do mapa: ele estava “de cabeça para baixo”, com o Brasil ao centro e a América do Sul no topo. A cena, inusitada e simbólica, provocou reações imediatas nas redes sociais e reaqueceu o debate sobre a condução da atual gestão do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), chefiada por Marcio Pochmann.

A exibição aconteceu durante um encontro bilateral que contou com a presença do primeiro-ministro da China, Li Qiang. O gesto de Dilma foi interpretado por aliados como um símbolo da nova liderança do Brasil no Sul Global. Mas, também recebeu críticas por parte da comunidade técnica e científica. Nas redes sociais, internautas ironizaram a “inversão de mundo” e questionaram a eficácia de tais gestos simbólicos em fóruns internacionais.
O próprio IBGE divulgou o novo mapa em 7 de maio, chamando-o de “mapa-múndi investido”. A proposta, segundo a instituição, é apresentar uma nova perspectiva geográfica que destaque o papel estratégico do Brasil no cenário internacional.
“A novidade busca ressaltar a posição atual de liderança do Brasil em importantes fóruns internacionais como no Brics, no Mercosul e na realização da COP30 em 2025”, disse Marcio Pochmann na ocasião.
Resistência no IBGE
Contudo, a gestão de Pochmann enfrenta forte resistência interna. Em janeiro, servidores do IBGE publicaram uma carta aberta em que acusaram o presidente do órgão de autoritarismo. Além de conduzir decisões unilaterais, sem diálogo com técnicos, cientistas ou a sociedade.
Segundo os funcionários, ele tem criado estruturas paralelas dentro do instituto e alterado procedimentos técnicos sem a devida transparência. Dessa forma, que estaria “colocando em risco a soberania geoestatística brasileira”.
Apesar da controvérsia, Pochmann defendeu o novo mapa nas redes sociais. Em sua conta no X (antigo Twitter), ele afirmou que o material “expõe outra representação do planeta Terra” e que a nova perspectiva “mobiliza lideranças do Sul Global”.
Curiosamente, durante a apresentação oficial à delegação chinesa, Pochmann optou por exibir o mapa na posição tradicional, com o Norte acima, o que gerou ainda mais críticas, com internautas acusando o presidente do IBGE de incoerência simbólica.
O gesto de Dilma Rousseff não foi o primeiro movimento que evidenciou a mudança de postura do Brasil em relação à geopolítica. Desde que assumiu a presidência do Banco do Brics, Dilma tem defendido uma atuação mais incisiva dos países em desenvolvimento no cenário global.
O novo mapa, portanto, se insere nesse esforço simbólico de reposicionamento. Entretanto, a forma como ele foi lançado, sem consulta pública e em meio a críticas à gestão do IBGE, coloca em dúvida sua legitimidade técnica e o real impacto da mudança.
A polêmica se intensifica no momento em que o Brasil se prepara para eventos globais de peso, como a COP30, que acontecerá em Belém em 2025. Em um cenário em que credibilidade técnica e protagonismo internacional caminham lado a lado, gestos simbólicos como a “inversão do mundo” podem tanto reforçar a narrativa de liderança como enfraquecer a imagem institucional do país.