
- Collor recebeu R$ 20 milhões em propinas durante os governos Lula e Dilma, segundo delações da Lava Jato.
- O STF confirmou a condenação por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, fixando a pena em 8 anos e 10 meses.
- O caso reforça a conexão entre políticos veteranos e práticas ilícitas mantidas mesmo após promessas de renovação.
Fernando Collor, condenado por corrupção e lavagem de dinheiro, teria recebido propinas entre 2010 e 2014 por meio de contratos com a BR Distribuidora, durante os governos Lula e Dilma. O caso, revelado por delações da Operação Lava Jato, reacende o debate sobre corrupção sistêmica no Brasil.
A bomba da vez: propina nos governos petistas
Fernando Collor, ex-presidente da República e ex-senador por Alagoas, volta ao centro das atenções após a revelação de que recebeu, segundo delações homologadas pelo Supremo Tribunal Federal, cerca de R$ 20 milhões em propina durante os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. O esquema, revelado por Ricardo Pessoa, ex-presidente da UTC Engenharia, envolve favorecimentos em contratos da BR Distribuidora.
De acordo com a investigação, os assessores ligados ao ex-senador intermediaram os pagamentos, que ocorreram em prestações ao longo de quatro anos. O objetivo era garantir apoio político e manutenção de contratos milionários entre a empresa estatal e a empreiteira, em troca de comissões ilícitas.
Além disso, a delação premiada, homologada pelo STF e validada por documentos e registros bancários, reforçou a condenação já existente de Collor por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O ministro Alexandre de Moraes determinou a execução imediata da pena de oito anos e dez meses, considerando os recursos protelatórios da defesa como esgotados.
Portanto, esse novo capítulo expõe uma ligação direta entre os governos petistas e a manutenção de práticas ilícitas, mesmo após diversas promessas de combate à corrupção. Para analistas políticos, a revelação é simbólica e estratégica, pois reforça a permanência de velhos nomes da política em esquemas contemporâneos.
Da esperança à decepção: a trajetória de Collor
Fernando Collor venceu as eleições de 1989 com um discurso de modernização econômica e combate aos “marajás”, prometendo um governo reformista e austero. Contudo, em 1992, denúncias feitas por seu próprio irmão interromperam seu mandato ao expor um esquema de corrupção coordenado por PC Farias, tesoureiro de sua campanha.
Sendo assim, o escândalo culminou em seu impeachment, sendo o primeiro presidente da República a sofrer esse tipo de processo no Brasil. Collor renunciou dias antes da votação final no Senado, mas teve os direitos políticos suspensos por oito anos. Após esse período, retornou à política como senador e manteve-se ativo nos bastidores.
Durante os anos 2000, especialmente entre 2010 e 2014 — quando os pagamentos de propina teriam ocorrido —, Collor aproximou-se do núcleo político dos governos petistas. Essa conexão, agora documentada por investigações e decisões judiciais, confirma suspeitas levantadas durante a Operação Lava Jato e seus desdobramentos.
Lava Jato, STF e a prisão definitiva
O Supremo Tribunal Federal foi decisivo ao determinar a prisão de Fernando Collor. O ex-senador foi detido no aeroporto de Maceió e transferido para Brasília. A ordem de prisão partiu do ministro Alexandre de Moraes, que avaliou que todos os recursos já haviam sido utilizados pela defesa, o que abriu caminho para o início da pena.
Assim, a condenação e prisão de Collor têm forte impacto político e jurídico. Primeiramente, reforçam o legado da Operação Lava Jato, ainda que esvaziada nos últimos anos, como marco histórico de combate à corrupção. Em segundo lugar, simbolizam a responsabilização de figuras públicas que, por décadas, transitaram entre escândalos e cargos de poder.
Além disso, o caso evidencia a fragilidade das estatais diante de indicações políticas. A BR Distribuidora, hoje privatizada, foi epicentro de diversos escândalos que envolveram líderes de diferentes partidos, revelando um padrão sistêmico de desvio de recursos públicos.
Por fim, a prisão de Collor pode representar uma nova fase da Justiça brasileira, mais ágil e assertiva, mesmo quando se trata de julgar figuras históricas. A sociedade, por sua vez, observa com atenção os desdobramentos e espera que o rigor se estenda a outros envolvidos ainda impunes.