Tensão diplomática

EUA questionam Moraes sobre bloqueio de rede social no Brasil, revela New York Times

Departamento de Justiça responde a ordem brasileira envolvendo a Rumble e expõe tensão sobre liberdade digital.

EUA questionam Moraes sobre bloqueio de rede social no Brasil, revela New York Times EUA questionam Moraes sobre bloqueio de rede social no Brasil, revela New York Times EUA questionam Moraes sobre bloqueio de rede social no Brasil, revela New York Times EUA questionam Moraes sobre bloqueio de rede social no Brasil, revela New York Times
Alexandre de Moraes - Foto: Bruno Peres/Agência Brasil
Alexandre de Moraes - Foto: Bruno Peres/Agência Brasil
  • Departamento de Justiça dos EUA contesta ordem de Moraes sobre plataforma Rumble.
  • Caso envolve bloqueio do perfil de Allan dos Santos, investigado por fake news e ataques ao STF.
  • Crise acende debate sobre soberania digital e pressões internacionais contra decisões brasileiras.

O Departamento de Justiça dos EUA enviou uma carta ao ministro Alexandre de Moraes em resposta à ordem de bloqueio de perfis na rede Rumble. O caso aprofunda tensões entre Brasil e Estados Unidos sobre jurisdição e liberdade digital.

Tensão entre poderes e plataformas

O jornal The New York Times revelou nesta quinta-feira (29) que o Departamento de Justiça dos Estados Unidos enviou um documento ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O conteúdo respondia à ordem judicial brasileira que exigia da plataforma Rumble o bloqueio de perfis, incluindo o do blogueiro Allan dos Santos.

Segundo a publicação, a carta afirma que o ministro pode aplicar as leis no território brasileiro, mas não tem autoridade para impor decisões a empresas sediadas nos EUA. A manifestação veio após a suspensão da Rumble no Brasil, determinada por Moraes em fevereiro deste ano, devido ao descumprimento de exigências legais.

A plataforma, que transmite vídeos e abriga perfis conservadores, recusou-se a nomear um representante legal no Brasil. Essa resistência deu início a uma crise jurídica e diplomática, que agora envolve diretamente o governo norte-americano.

Allan dos Santos no centro do impasse

A origem do impasse está na recusa da Rumble em retirar do ar o perfil de Allan dos Santos, investigado por espalhar fake news e atacar ministros do STF. A Justiça brasileira já havia banido o influenciador de outras redes, mas ele mantinha um espaço ativo na plataforma americana.

Em resposta à desobediência, Moraes ordenou o bloqueio da Rumble em solo brasileiro. A empresa não só resistiu à ordem, como seu CEO, Chris Pavlovski, reagiu com ironia nas redes sociais: “Nos veremos no tribunal”, escreveu no X (ex-Twitter).

A carta do Departamento de Justiça dos EUA é vista como respaldo à posição da empresa. O gesto também mostra que o governo americano está disposto a proteger juridicamente suas plataformas, mesmo quando elas enfrentam sanções fora do território nacional.

Moraes e a mira internacional

A atuação de Moraes não tem repercussão apenas no Brasil. O ministro tem sido alvo constante de críticas por parte de aliados do ex-presidente Donald Trump. Entre eles, destaca-se Elon Musk, que também entrou em rota de colisão com decisões do STF envolvendo a moderação de conteúdos.

Em maio, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, anunciou restrições de visto para autoridades estrangeiras consideradas cúmplices de censura contra cidadãos americanos. Embora Moraes não tenha sido citado diretamente, o contexto aponta para retaliações a decisões como as que atingiram a Rumble.

O New York Times informa que procurou o gabinete do ministro para comentar a carta, mas não obteve resposta. O silêncio, no entanto, não deve encerrar o assunto.

Internet sem fronteiras, justiça com limites?

O caso expõe uma questão-chave da era digital: até onde vai a autoridade de um país sobre plataformas globais? De um lado, o STF defende o cumprimento das leis brasileiras, mesmo por empresas sediadas no exterior. De outro, os EUA sustentam que ordens judiciais estrangeiras não podem interferir diretamente em suas companhias.

Nesse sentido, o episódio marca um ponto de inflexão. A falta de acordos internacionais eficazes sobre moderação de conteúdo e responsabilização de plataformas dificulta a ação de governos diante de abusos ou crimes online.

Ao mesmo tempo, a crescente judicialização do conteúdo digital, somada à ausência de consenso global, pode provocar choques diplomáticos cada vez mais frequentes. O Brasil, neste contexto, assume uma posição de protagonismo — mas também de risco.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.