Fintech da Faria Lima vira peça-chave em esquema atrelado ao PCC revelado pela Receita e PF, diz secretário

Instituição financeira aparece em decisão judicial e é apontada como canal para bilhões em movimentações suspeitas ligadas ao crime organizado.

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  • Receita aponta que 267 postos movimentaram R$ 4,5 bilhões e pagaram só R$ 4,5 milhões em impostos
  • BK Bank serviu como conta-bolsão para misturar dinheiro lícito e ilícito em larga escala
  • Empresários ligados ao PCC usaram o esquema para comprar bens de luxo e ampliar negócios

O BK Bank apareceu como o elo central entre as operações Spare e Carbono Oculto, que investigam conexões da Faria Lima com o PCC. Embora a ação de quinta-feira (25) não tenha atingido o banco, a decisão judicial o citou como suporte essencial ao fluxo financeiro.

Segundo a Receita Federal, 267 postos de combustíveis movimentaram R$ 4,5 bilhões entre 2020 e 2024, mas recolheram apenas R$ 4,5 milhões em tributos federais. O número representa 0,1% do total, bem abaixo da média do setor.

Como funcionava o esquema

A estratégia era simples e eficaz: usar empresas legalmente registradas para inserir dinheiro ilícito no sistema. Postos de combustíveis, redes de motéis e franquias de cosméticos declaravam valores bem menores que os movimentados. Assim, o dinheiro era misturado e enviado para a chamada conta-bolsão do BK Bank.

Segundo o secretário da Receita, Robinson Barreirinhas, a fintech fornecia maquininhas usadas para registrar operações fictícias, transformando grandes volumes de dinheiro vivo em recursos aparentemente legais. Esse processo dificultava o rastreio da origem e do destino das quantias.



Relatos mostram que parte do dinheiro foi usada para comprar bens de luxo, inclusive helicópteros, incompatíveis com a renda declarada. O esquema vinha sendo observado há meses pelo mercado, que já desconfiava da saúde financeira de alguns envolvidos.

Conexão com o PCC

O Ministério Público de São Paulo confirmou que os empresários investigados tinham relações próximas com lideranças do PCC. De acordo com o promotor-geral de Justiça, Paulo Sérgio Oliveira Costa, membros do grupo frequentavam casas de chefes da facção criminosa.

Além disso, empresas controladas pelo grupo recebiam volumes extraordinários em depósitos em espécie, reforçando as suspeitas de ligação com o crime organizado. Esse fluxo de caixa elevado sustentava investimentos em setores variados, desde postos de gasolina até empreendimentos imobiliários.

Para a Receita, a entrada do dinheiro em uma instituição como o BK Bank deu ao esquema um ar de legalidade, permitindo que os recursos circulassem no sistema financeiro sem levantar tantas suspeitas.

A resposta judicial

O juiz responsável pelo caso concedeu medida cautelar de 30 dias, prorrogável, para impedir a execução imediata de dívidas. Segundo a promotoria, a fintech não foi alvo direto da operação desta semana porque já havia sofrido mandado em etapas anteriores.

O procurador-geral-adjunto de São Paulo, Caio César Guzzardi, informou que o conjunto das investigações resultou em bloqueio de R$ 7,6 bilhões em bens. A lista inclui centenas de veículos, participações em empresas, fundos de investimento e contas correntes.

A investigação ainda deve ter novos desdobramentos, já que a rede de empresas usada para lavar dinheiro mostra-se mais ampla do que se imaginava.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.