Escândalo financeiro

Fraude do INSS: descoberto envolvimento da JBS em esquema

Relatório do Coaf aponta indícios de lavagem de dinheiro em transações milionárias de Danilo Trento, já investigado na CPI da Covid.

INSS
Crédito: Depositphotos
  • Lobista do INSS recebeu R$ 19,2 milhões da J&F via T5 Participações
  • Coaf apontou operações com indícios de lavagem e ocultação de origem ilícita
  • Trento já esteve na CPI da Covid e aparece em vínculos com o PCC e outras investigações

O lobista Danilo Berndt Trento, alvo da Polícia Federal por suspeitas de fraudes no INSS, recebeu R$ 19,2 milhões da J&F em apenas dois anos. O dinheiro chegou por meio da empresa T5 Participações, que funcionava como intermediária dos repasses milionários.

De acordo com relatório do Coaf, essas movimentações revelam sinais claros de lavagem de dinheiro. Além disso, os valores não possuem justificativa econômica plausível, o que reforça a suspeita de que a T5 atuava como fachada financeira.

Movimentações sob suspeita

O documento destaca que a T5 registrou operações incompatíveis com seu porte. Além disso, a empresa recebeu recursos de terceiros sem qualquer vínculo comercial legítimo, o que levanta a hipótese de dissimulação patrimonial. Desse modo, as autoridades veem fortes indícios de ocultação da real origem dos valores.

Trento foi procurado e prometeu enviar explicações por escrito. No entanto, após ser questionado especificamente sobre a ligação com a J&F, ele suspendeu qualquer resposta. Enquanto isso, a empresa declarou que não realizou pagamentos diretos ao lobista, mas não explicou por que transferiu valores à T5.

A Polícia Federal também vinculou Trento ao empresário Maurício Camisotti, apontado como sócio oculto de associação que fraudava aposentados. Além disso, os investigadores descobriram que Trento financiou viagens de servidores do INSS que agora respondem a inquéritos.

Histórico de polêmicas

Trento não aparece pela primeira vez em escândalos. Durante a CPI da Covid, em 2021, ele foi citado como diretor da Precisa Medicamentos, acusada de fraude na compra da vacina Covaxin. Além disso, já atuou como lobista em projetos que buscavam legalizar cassinos no Brasil.

O Coaf também monitorou suas contas entre 2020 e 2021, quando ele movimentava até R$ 2 milhões por mês. Na época, as autoridades concluíram que esses valores estavam muito acima de sua renda e patrimônio declarados. Apesar disso, o Ministério Público Federal não apresentou denúncia contra ele.

Agora, novas operações chamam atenção. Em 2024, a T5 transferiu R$ 90 mil para uma empresa de táxi aéreo investigada por ligações com o PCC. No mesmo período, Trento enviou R$ 700 mil ao BK Bank, instituição citada na Operação Carbono Oculto como peça usada em esquemas de lavagem de dinheiro.

Ligações perigosas

As conexões de Trento se estendem a outros investigados. Em 2024, ele repassou R$ 70 mil a Gabriel Mascarenhas Sobral, alvo da Operação Overclean, que apura desvios de emendas parlamentares. Apesar disso, Sobral alegou que pagou o valor apenas para dividir as despesas da viagem.

Além disso, a T5 permaneceu no nome de Trento até março de 2024. Em seguida, ele transferiu a empresa para Francine da Rosa, que recebe apenas R$ 1,6 mil mensais. O Coaf classificou a nova proprietária como possível laranja, já que passou a controlar uma firma com milhões em circulação.

No total, instituições financeiras enviaram 30 comunicações obrigatórias ao Coaf sobre as operações de Trento. Essas transações envolvem intermediações típicas de setores de apostas e criptoativos, o que reforça a suspeita de que o lobista atuava como gestor do braço financeiro do esquema de desvio no INSS.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.