
- 251 postos foram ligados a empresários investigados por lavar dinheiro para o PCC.
- Grande parte funcionava como bandeira branca, o que dificultava o rastreamento.
- Distribuidoras anunciaram cortes imediatos e reforço de fiscalização.
A Operação Carbono Oculto revelou que 15 empresários ligados ao PCC controlavam 251 postos de combustíveis em quatro estados. O esquema foi montado para movimentar recursos ilícitos sem despertar atenção imediata das autoridades.
A ofensiva, conduzida pelo Ministério Público de São Paulo em conjunto com a Receita Federal, atingiu mais de 350 pessoas e empresas. Embora as defesas neguem irregularidades, documentos mostram conexões diretas entre os sócios e o grupo de Mohamad Hussein Mourad, apontado como líder financeiro da facção.
O mapa da lavagem
Segundo a decisão judicial, os empresários agiam como laranjas em uma estrutura que simulava negócios legítimos. Dessa forma, o dinheiro vivo entrava nos postos e ganhava aparência de receita formal, passando depois por transferências bancárias cuidadosamente planejadas.
A rede concentrava 233 estabelecimentos em São Paulo, principalmente na Grande São Paulo e na Baixada Santista. Além disso, havia 15 em Goiás, dois no Paraná e um em Minas Gerais, evidenciando como o grupo espalhou operações para reduzir riscos.
Outro fator relevante é que quase metade dos postos operava com bandeira branca, sem vínculo com distribuidoras, o que dificultava a fiscalização. Os demais estavam ligados a Ipiranga, Rodoil, Petrobras e Shell, o que aumentava a sensação de normalidade.
Os principais nomes
Entre os alvos, Pedro Furtado Gouveia Neto surge como dono de 56 postos, muitos ligados à GGX Global. Já Luiz Felipe do Valle Silva de Quental de Menezes aparece com 49 unidades registradas e foi descrito como laranja do esquema.
Além deles, Guilherme da Silva Oliveira e Bruno Sato Alves Pereira concentravam juntos 76 postos. Ambos negam irregularidades, mas registros da Justiça apontam conexões com empresas citadas em investigações anteriores contra o PCC.
A lista inclui ainda membros da família Mourad. O irmão Armando Hussein Ali Mourad e o primo Himad Abdallah Mourad controlavam dezenas de negócios. Assim, a estrutura familiar se tornou peça-chave para manter a engrenagem de lavagem ativa.
Reação das distribuidoras
As distribuidoras reagiram de forma imediata. A Ipiranga declarou que apoia as investigações e reforçou que não tolera práticas ilegais. Além disso, a Rodoil afirmou que já havia rompido contratos com postos suspeitos antes mesmo da operação.
A Vibra Energia, responsável pela bandeira Petrobras, informou que aplica padrões rígidos de compliance e prometeu desligar qualquer revendedor envolvido. Por sua vez, a Raízen, dona da marca Shell, disse que apura os fatos e que adotará medidas cabíveis se houver comprovação de irregularidades.
Por fim, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) destacou que as evidências coletadas poderão levar à perda de licenças. Além disso, o órgão lembrou que já puniu parte dos empresários anteriormente, reforçando o alerta sobre reincidência.