
No 4T23, a Gol (GOLL4) teve prejuízo de R$1,097 bi, revertendo lucro de R$230,9 mi em 2022, anunciado nesta quinta-feira (28). No 4T23, o Ebitda recorrente atingiu R$1,615 bi, crescendo 38,3% em relação ao 4T22.
A Gol credita o crescimento do Ebitda à redução de 23% nos custos com combustível, aumento de 9,2% nas tarifas e câmbio favorável. No 4T23, a margem Ebitda recorrente atingiu 32,0% da receita, aumentando 7,3 pontos percentuais em relação ao mesmo período de 2022.
A receita operacional líquida do 4T23 alcançou R$5,042 bi, crescendo 6,7% em relação a 2022. O EBIT recorrente foi de R$1,180 bi, com margem operacional de 23,4%.
A Companhia registrou 54,2 mil decolagens, uma queda de 5,2% em relação ao 4T22, e disponibilizou 9,6 milhões de assentos, diminuindo 3,8% em comparação ao mesmo período de 2022.
No 4T23, o CASK foi de 35,99 centavos (R$), com leve redução de 0,1% em relação ao 4T22, devido principalmente à queda no custo com combustível. Excluindo combustível e operações de cargas, o custo unitário aumentou 13,8%. As atividades operacionais geraram cerca de R$25 milhões. O caixa total da Gol foi de R$782 milhões, representando um aumento de 32,1% em comparação ao mesmo período do ano anterior.
Em 31 de dezembro de 2023, a dívida líquida da companhia totalizava R$18,557 bilhões, portanto, diminuindo 14,8% em comparação com o mesmo período de 2022. O indicador de alavancagem financeira, medido pela dívida líquida/Ebitda ajustado, foi de 3,7 vezes em dezembro/23, contudo, reduzindo 3,9 p.p. em relação a 2022.
Em suma, a Gol reportou uma dívida bruta total de R$20 bilhões, diminuindo 13,7% e 1% em relação ao 4T22 e 3T23, respectivamente, apesar do impacto cambial adverso.
Recorrência a crédito
A Gol solicita cerca de R$1 bilhão em crédito para reparos de aeronaves. No mês de janeiro, buscou proteção contra falência em Nova York para reestruturar finanças.
Segundo fontes à Bloomberg News, a Gol enfrenta 20 aeronaves paralisadas e 140 com problemas nos motores. No entanto, sua despesa estimada para revisões é de aproximadamente US$1 bilhão em três anos.
Em janeiro, a empresa aérea brasileira solicitou uma medida semelhante à recuperação judicial em Nova York para reorganizar seu passivo. Em dezembro de 2023, portanto, a Gol tinha passivos totais de US$8,3 bilhões e dívidas financeiras de US$4,2 bilhões, incluindo obrigações de leasing, sendo US$2,1 bilhões garantidos, segundo a Moody’s.
A Companhia esteve considerando converter dívidas antigas em capital com locadores, visando aliviar custos. Negociações iniciais, contudo, mostraram disposição dos locadores em colaborar devido ao risco financeiro.
Ainda, havia o risco de juízes não permitirem a devolução de aeronaves essenciais para a reestruturação da Gol. A empresa planeja modernizar a frota, contudo, substituindo aeronaves antigas e incorporando aviões modernos.
Também é válido ressaltar que há meses atrás, a Gol recebeu permissão da Justiça dos Estados Unidos para investigar se a Latam buscou obter vantagem injusta com seu pedido de recuperação judicial (Chapter 11), com alegações de cooptação indevida de arrendatários de aeronaves Boeing 737 da Gol. O juiz Martin Glenn, contudo, considerou meritórias as alegações e autorizou a investigação.
“Seria absurdo presumir que foi apenas uma coincidência a Latam ter enviado a carta imediatamente após a Gol entrar com o pedido do Chapter 11”, disse Glenn.
Na carta, a Latam expressou interesse em mais aeronaves, afirmando que isso poderia interessar aos arrendatários devido às recentes ocorrências na indústria. O juiz Glenn concedeu à Gol o pedido de obter documentos e depoimentos para investigar se a Latam tentou interferir nos negócios da Gol ou violar sua moratória do Chapter 11. Enfim, a Latam negou as alegações e argumentou que a Gol busca tais informações para obter uma vantagem injusta sobre seu concorrente.