Melhorias no setor

Governo aposta em parcerias privadas para acelerar acesso a especialistas no SUS e reforçar combate ao câncer

Programa “Agora Tem Especialistas” promete 4,6 milhões de consultas por ano e criação de supercentro de câncer no Brasil.

Crédito: Depositphotos
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  • Pacote do SUS prevê 4,6 milhões de consultas e 9,4 milhões de exames por ano, com parcerias público-privadas e unidades móveis.
  • Programa cria supercentro de diagnóstico de câncer, com emissão de até 3 mil laudos por dia, e amplia uso da telessaúde.
  • Nova regra permitirá uso do ressarcimento dos planos de saúde para consultas e exames especializados com clínicas privadas.

Em resposta à longa espera por médicos especialistas no SUS, o governo federal lançou, nesta sexta-feira (30), o programa Agora Tem Especialistas, com medidas que incluem clínicas privadas, telessaúde e unidades móveis. Sendo assim, a expectativa é de mais de 4,6 milhões de consultas e 9,4 milhões de exames realizados por ano.

Desse modo, com investimento previsto de R$ 2 bilhões anuais, a iniciativa busca amenizar desigualdades regionais e reduzir deslocamentos excessivos dos pacientes. Segundo o Ministério da Saúde, apenas 10% dos especialistas atuam exclusivamente no SUS, o que agrava atrasos em diagnósticos e tratamentos.

Medidas para reduzir o tempo de espera

O pacote é sustentado por uma Medida Provisória assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Assim, ela autoriza apoio federal a estados e municípios para atendimento complementar com credenciamento contínuo de hospitais, clínicas e ambulatórios privados. Se necessário, o governo também poderá contratar diretamente.

Além disso, o programa prevê a ampliação dos turnos em policlínicas, com atendimento e diagnósticos de alta complexidade durante fins de semana. Então, haverá extensão no horário para tratamento de câncer, uma das maiores demandas da saúde pública.

Ainda segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, a estratégia inclui carretas com estrutura completa para levar serviços médicos a regiões remotas, especialmente para exames e pequenas cirurgias. Portanto, ao todo, 150 unidades móveis estão previstas.

Parcerias e tecnologia como aliadas

Um dos pilares do programa é a ampliação da telessaúde. Essa modalidade permite diagnósticos a distância e já demonstrou reduzir em 30% a necessidade de consultas presenciais. A aposta é conectar grandes centros a cidades pequenas, aproximando especialistas de onde eles são mais escassos.

Além disso, o programa vai transformar o ressarcimento de planos de saúde ao SUS. Hoje, quando um beneficiário usa a rede pública, seu plano paga uma taxa ao governo. Com a nova medida, esse valor poderá ser convertido em atendimentos especializados, beneficiando diretamente os usuários do SUS.

Outra novidade é o reforço na atuação da AGSUS (Agência Brasileira de Gestão de Saúde). Atualmente limitada a áreas indígenas, a agência poderá atuar em outras regiões carentes, contratando serviços médicos conforme a demanda local.

Novo centro de referência no combate ao câncer

Entre os anúncios de maior impacto está a criação de um supercentro de diagnóstico oncológico. Em parceria com o INCA e o AC Camargo Cancer Center, o governo federal planeja montar uma estrutura com capacidade para emitir até 3 mil laudos por dia. Seis novos aceleradores para radioterapia já foram entregues, e 115 ainda estão por vir.

A medida responde a uma preocupação real: há apenas 500 patologistas clínicos atuando no país, número significativamente inferior aos 2 mil existentes em 2013. Com isso, a biópsia — etapa essencial para iniciar o tratamento — torna-se um gargalo no processo de atendimento.

Além do investimento em equipamentos, o governo abrirá 3 mil vagas para residência médica. A meta é reduzir a desigualdade regional na distribuição de especialistas, já que alguns estados contam com seis vezes mais profissionais que outros.

Comunicação e acompanhamento mais transparentes

Outra inovação envolve a comunicação com pacientes. O Ministério da Saúde começará a informar por mensagem o andamento do atendimento para quem está na fila do SUS. A partir de agosto, quem fizer cirurgias também receberá notificações por meio do app Meu SUS Digital.

Para viabilizar esse acompanhamento, todos os prestadores de serviço com recursos do SUS deverão alimentar um banco de dados nacional, que ajudará a monitorar o tempo médio de espera por procedimentos como cirurgias oftalmológicas.

Durante o lançamento, Lula emocionou-se ao agradecer à ex-ministra Nísia Trindade e reforçou o compromisso de sua gestão: “Garantir o retardamento da morte é um dever do Estado.”

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.