Riscos geopolíticos

Guerra comercial: mais de 50 países já contataram os EUA para negociar tarifas

Mais de 50 países já procuraram a Casa Branca para tentar suavizar o impacto do tarifaço, medida amplia tensões e expõe riscos geopolíticos.

Guerra comercial: mais de 50 países já contataram os EUA para negociar tarifas
  • Contato de mais de 50 países: Diversas nações buscaram a Casa Branca para negociar as altas tarifas impostas por Trump, segundo Kevin Hassett
  • Pedidos não especificados: Hassett não revelou quais países solicitaram diálogo, mantendo a lista em sigilo
  • Preocupação global: O “tarifaço” de Trump tem gerado tensões comerciais, motivando múltiplos governos a buscarem acordos com os EUA

A nova onda de tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, desencadeou uma reação internacional em cadeia. Desde que as alíquotas entraram em vigor no último sábado (5), mais de 50 países já buscaram a Casa Branca solicitando abertura de diálogo para tentar evitar danos maiores às suas economias.

A informação foi confirmada neste domingo (6) por Kevin Hassett, diretor do Conselho Econômico Nacional dos EUA, em entrevista à ABC News.

Embora Hassett tenha evitado nomear os países que fizeram contato, ele garantiu que todos eles desejam renegociar termos e evitar ou reduzir as novas tarifas.

A lista de nações afetadas inclui grandes blocos econômicos como a União Europeia, além de potências asiáticas como China, Japão e Coreia do Sul. O Brasil também está entre os atingidos, com uma tarifa fixa de 10% sobre todas as exportações ao mercado americano.

A decisão de Trump é descrita por ele próprio como um marco de independência econômica para os EUA. Porém, especialistas e membros da própria administração alertam para os efeitos colaterais da medida, que podem comprometer o crescimento global, desestabilizar mercados e comprometer acordos diplomáticos sensíveis.

O impacto internacional imediato

As tarifas anunciadas por Trump afetam diretamente mais de 180 países e regiões. Entre os mais atingidos estão parceiros estratégicos dos EUA no comércio global. A União Europeia enfrenta uma tarifa média de 20%, enquanto a China, maior parceiro comercial dos EUA, terá 34% de seus produtos taxados. Coreia do Sul e Japão não escaparam do tarifaço, sendo atingidos com 25% e 24%, respectivamente.

A medida causou desconforto imediato entre diplomatas e líderes mundiais. Diversos países se apressaram em estabelecer canais de comunicação com Washington na tentativa de buscar exceções ou ajustes nos percentuais definidos.

Esse movimento reforça o caráter negociador da medida, que segundo assessores da Casa Branca, pode ser utilizado como ferramenta de barganha em outras pautas de interesse americano.

O Brasil, por sua vez, tenta articular apoio entre países da América Latina e membros do G20 para apresentar um posicionamento conjunto contra as tarifas. O governo brasileiro teme que os novos custos diminuam sua competitividade no mercado norte-americano, afetando diretamente setores como o agronegócio e a indústria de base.

Pressões econômicas internas e externas

O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, tentou minimizar os temores sobre uma possível recessão, afirmando que “não há nenhuma razão para alarme” e que o mercado se ajustará. No entanto, a reação negativa de Wall Street logo após o anúncio das tarifas aponta para um cenário de incerteza.

Investidores temem represálias comerciais, queda no volume de exportações e elevação nos preços de insumos importados.

O presidente declarou em pronunciamento que os Estados Unidos não vão mais permitir que outros países os explorem economicamente. Ele reforçou que está cumprindo sua promessa de campanha ao combater os déficits comerciais bilionários com nações como China e México.

No entanto, dentro do próprio governo, a medida encontra resistência. Assessores econômicos alertam para o risco de elevação inflacionária e para o enfraquecimento das cadeias produtivas, já que muitos setores dependem de componentes importados.

Além disso, os efeitos negativos podem ser amplificados pela desaceleração da economia global, que já sofre com os desdobramentos de conflitos geopolíticos e pressões inflacionárias.

Geopolítica e os limites da estratégia

Um dos pontos mais polêmicos do tarifaço foi a exclusão da Rússia da lista de países afetados. Questionado sobre o motivo, Kevin Hassett justificou que Trump decidiu poupar Moscou para não comprometer as delicadas negociações sobre o fim da guerra na Ucrânia.

A decisão gerou críticas de opositores políticos e analistas internacionais, que veem na escolha um sinal de alinhamento estratégico suspeito.

Além disso, a utilização das tarifas como instrumento de negociação diplomática reacende críticas sobre a condução da política externa americana. Durante o primeiro mandato, Trump já havia usado medidas tarifárias contra México e Canadá como forma de pressionar ações conjuntas contra o tráfico de fentanil. Agora, a ampliação dessa estratégia parece apontar para um modelo mais agressivo de relações internacionais.

O anúncio das tarifas foi feito por Trump na última quarta-feira (2), durante um discurso em que chamou o “dia da libertação”. A retórica, porém, contrasta com os sinais de isolamento que a medida pode provocar.

Ao endurecer com parceiros tradicionais, o governo americano corre o risco de afastar aliados históricos e abrir espaço para a ampliação da influência chinesa e russa em mercados estratégicos.

Rocha Schwartz
Paola Rocha Schwartz
Estudante de Jornalismo, apaixonada por redação e escrita! Tenho experiência na área educacional (alfabetização e letramento) e na área comercial/administrativ