Economia nacional

Investimento estrangeiro no Brasil despenca - entenda os motivos

Turismo pressiona conta externa e entrada de capital estrangeiro em renda fixa mostra desaceleração.

banco central economia 0413202012
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  • Gastos de brasileiros no exterior aumentam e elevam déficit na conta de viagens, que chegou a US$ 1,209 bilhão em maio.
  • Investimentos estrangeiros em carteira recuam levemente, com destaque para ações, mas entrada líquida segue positiva.
  • Investimento Direto no País (IDP) mantém fôlego, somando US$ 3,662 bilhões em maio e garantindo cobertura da conta corrente.

Os brasileiros voltaram a gastar mais no exterior em maio, mesmo com um cenário de dólar elevado. Segundo dados divulgados pelo Banco Central (BC), os gastos em viagens internacionais somaram US$ 1,762 bilhão, superando os US$ 1,643 bilhão registrados no mesmo mês de 2024. A alta, embora moderada, ampliou o déficit na conta de viagens, que chegou a US$ 1,209 bilhão.

Enquanto isso, o ingresso de investimentos estrangeiros apresentou sinais de desaceleração em segmentos importantes, como ações e renda fixa. Os dados reforçam a necessidade de atenção com o equilíbrio das contas externas, especialmente em um cenário global de juros elevados e volatilidade geopolítica.

Turismo: mais gastos, menos entrada

Com o reaquecimento do turismo internacional entre os brasileiros, os gastos no exterior voltaram a ganhar força. A alta de cerca de US$ 120 milhões em relação a maio de 2024 pressiona o saldo da conta de viagens, um componente relevante da conta corrente.

Apesar disso, os estrangeiros que visitaram o Brasil também deixaram mais recursos: US$ 553 milhões, frente a US$ 523 milhões um ano antes. Ainda assim, o resultado líquido foi um déficit de US$ 1,209 bilhão no mês. Para 2025, o BC projeta um déficit total de US$ 14 bilhões apenas na conta de viagens.

Esse desequilíbrio mostra que, embora os turistas brasileiros tenham retomado o ritmo pré-pandemia, o país ainda não atrai proporcionalmente o mesmo volume de visitantes estrangeiros – o que reforça desafios estruturais no setor de turismo receptivo.

Investimentos estrangeiros: sinais mistos

No segmento de investimentos em carteira, os números de maio indicam entrada líquida de US$ 1,644 bilhão, levemente abaixo dos US$ 1,721 bilhão de maio do ano anterior. Houve destaque para a entrada em ações, que somou US$ 1,880 bilhão, tanto na Bolsa brasileira quanto via ADRs em Nova York.

Por outro lado, no mercado de renda fixa, o desempenho foi mais contido. Houve ingresso líquido de US$ 777 milhões, mas com saída de US$ 896 milhões em papéis emitidos no exterior. A entrada no mercado doméstico compensou esse movimento, com saldo positivo de US$ 1,673 bilhão.

A projeção do BC para o total de investimentos em carteira em 2025 é de US$ 10 bilhões, mas a volatilidade do cenário externo pode afetar essa estimativa.

Investimento direto se mantém forte

O Investimento Direto no País (IDP) mostrou recuperação sólida, com ingresso líquido de US$ 3,662 bilhões em maio, acima dos US$ 3,023 bilhões registrados um ano antes. Esse tipo de investimento, voltado à participação no capital e financiamentos de longo prazo, demonstra maior confiança no ambiente econômico.

Nos 12 meses até maio, o IDP atingiu US$ 70,477 bilhões, o equivalente a 3,31% do PIB, superando inclusive o déficit em conta corrente, estimado em 3,26% do PIB no mesmo período. A expectativa oficial é de manutenção desse ritmo, com US$ 70 bilhões em IDP até o fim de 2025.

Esse desempenho tem sido essencial para manter a estabilidade nas contas externas e conter pressões no câmbio, mesmo com o aumento dos gastos dos brasileiros no exterior.

Fluxo cambial de junho indica saída de recursos

Os dados parciais de junho, até o dia 23, mostram fluxo cambial negativo de US$ 1,722 bilhão, segundo o BC.

No entanto, o fluxo comercial foi positivo: US$ 1,684 bilhão, resultado de exportações de US$ 15,770 bilhões e importações de US$ 14,086 bilhões. Por outro lado, o fluxo financeiro ficou negativo em US$ 3,407 bilhões, indicando possível saída de capital especulativo ou remessas ao exterior.

Portanto, a posição vendida dos bancos em câmbio atingiu US$ 23,980 bilhões, o que pode sinalizar proteção contra movimentos cambiais adversos.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.