
- Déficit primário de 2025 subiu para R$ 74,7 bilhões, acima do previsto anteriormente.
- Dívida bruta caiu para 80,1% do PIB, mas segue em patamar elevado.
- Despesas crescentes e arrecadação fraca dificultam cumprimento das metas fiscais.
Economistas ouvidos pelo Ministério da Fazenda elevaram novamente a previsão de déficit primário para 2025, segundo o relatório Prisma Fiscal de junho. Nesse sentido, o rombo estimado passou de R$ 72,7 bilhões para R$ 74,7 bilhões. O dado reforça os desafios do governo para cumprir as metas do novo arcabouço fiscal.
Rombo cresce e desafio fiscal aumenta
Os analistas de mercado elevaram a estimativa do resultado primário do governo central para 2025. Em maio, a previsão era de déficit de R$ 72,7 bilhões, mas agora o número subiu para R$ 74,7 bilhões. Para 2026, a expectativa também piorou: o déficit previsto passou de R$ 80,7 bilhões para R$ 81,4 bilhões.
Além disso, esses valores contrastam com a meta do arcabouço fiscal, que prevê déficit zero em 2025 e superávit de 0,25% do PIB em 2026. A distância entre projeções e metas evidencia um cenário de risco fiscal. Para cumprir os objetivos, o governo teria que cortar despesas ou aumentar receitas.
Desse modo, a pressão por ajuste fiscal cresce ainda mais diante da arrecadação aquém do esperado em 2024. Apesar de alguma recuperação nos primeiros meses do ano, a receita federal ainda não apresenta folga suficiente para cobrir os gastos projetados. Esse cenário limita a margem de manobra da equipe econômica.
Dívida dá trégua, mas cenário segue delicado
Apesar do aumento no déficit, a projeção para a dívida bruta do governo geral caiu. A estimativa do mercado passou de 80,3% para 80,1% do PIB em 2025. Por outro lado, para 2026, houve um recuo de 84,49% para 84,17%. Embora a queda traga alívio, os índices ainda são considerados elevados.
Ademais, a dívida menor está relacionada à expectativa de crescimento econômico um pouco mais robusto e à estabilização das taxas de juros. Ainda assim, a dinâmica segue frágil. O custo do serviço da dívida permanece alto e absorve boa parte do orçamento federal.
Outro ponto de atenção é a trajetória da despesa pública. A projeção de gasto total subiu de R$ 2,383 trilhões para R$ 2,393 trilhões em 2025. Portanto, esse crescimento tende a pressionar o resultado primário e dificulta o cumprimento do novo teto de gastos, mesmo com regras mais flexíveis.
Regras fiscais e orçamento travado
O novo arcabouço fiscal, em vigor desde 2023, prevê que as despesas cresçam no máximo 2,5% ao ano acima da inflação. No entanto, esse limite está diretamente ligado à variação da arrecadação. Como as receitas vêm frustrando expectativas, a margem para aumento de gastos está mais apertada.
Além disso, a demora na aprovação do orçamento de 2025 atrapalhou a execução fiscal nos primeiros meses do ano. Diversas pastas ficaram sem previsão clara de recursos até março, o que gerou paralisações e necessidade de suplementações emergenciais.
Esse atraso também afetou programas prioritários, como investimentos em infraestrutura, educação e saúde. Com isso, a pressão por mais recursos reapareceu, especialmente em áreas com impacto direto na base eleitoral do governo. A discussão sobre cortes ou aumento de tributos pode voltar à pauta.
Expectativas de inflação e crescimento
O relatório do Prisma Fiscal também mostrou que o mercado espera um INPC de 5,4% em 2025. Esse índice, usado para reajustar aposentadorias, tem impacto direto nas despesas da Previdência e pode ampliar o déficit se subir além do previsto.
Quanto ao crescimento, a expectativa é de uma alta de 2,2% no PIB em 2025. Esse número é ligeiramente inferior à média esperada pelo mercado nos primeiros meses do ano, o que reforça a percepção de um ambiente econômico desafiador.
Para lidar com esse quadro, especialistas defendem reformas estruturais. Entre elas estão a revisão de subsídios, mudanças nas regras de aposentadoria de servidores e melhorias na qualidade do gasto público. Sem medidas duras, alertam, o país poderá enfrentar novas rodadas de instabilidade fiscal.