
O cessar-fogo entre Irã e Israel entrou em vigor na madrugada da última terça-feira (24), marcando o fim de 12 dias de confrontos intensos que deixaram quase mil mortos no Irã e 28 em Israel, segundo dados oficiais. Ainda que os bombardeios tenham cessado nas primeiras 24 horas, as acusações mútuas e as declarações de vitória por ambos os lados mantêm o clima tenso no Oriente Médio — levantando a pergunta: quem, de fato, saiu vitorioso?
A trégua foi intermediada pelos Estados Unidos, com apoio do Catar, após o risco de uma escalada maior, especialmente após os bombardeios norte-americanos a instalações nucleares iranianas e a retaliação do Irã contra uma base militar americana no Catar.
Segundo a Casa Branca, o cessar-fogo foi selado após uma conversa telefônica entre o presidente Donald Trump, o premiê israelense Benjamin Netanyahu e o emir do Catar.
A operação contou ainda com o envolvimento direto do vice-presidente J.D. Vance, do secretário de Estado Marco Rubio e do enviado especial Steve Witkoff.
Israel: “Eliminamos a ameaça nuclear”
Logo após o início da trégua, Israel divulgou uma nota oficial comemorando o que chamou de missão cumprida.
Segundo Netanyahu, o país atingiu seu objetivo principal: neutralizar a ameaça nuclear e de mísseis balísticos do Irã. O premiê também alertou que Israel está pronto para retomar os ataques caso o Irã descumpra o acordo.
“O exército permanece em alerta. A força aérea está pronta para remover ameaças”, declarou um porta-voz das Forças de Defesa de Israel (IDF).
Apesar da trégua, Israel acusou o Irã de lançar mísseis minutos antes do início oficial do cessar-fogo. Em resposta, bombardeou um radar militar próximo a Teerã, mas evitou novos ataques após uma ligação de Trump pedindo contenção.
Irã: “Grande vitória contra dois inimigos”
Em Teerã, o tom também foi de comemoração. O presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, classificou o desfecho como uma “grande vitória”, acusando Israel de iniciar a guerra e o rotulando de “Estado terrorista”.
O Comando Militar do Irã foi ainda mais incisivo: disse que Israel e EUA “devem aprender com os golpes devastadores” sofridos durante os ataques.
A Press TV, mídia estatal iraniana, afirmou que o país lançou uma última ofensiva contra alvos israelenses “ocupados” pouco antes da trégua, como forma de encerrar o conflito “em posição de força”.
Oficiais iranianos reforçaram que o país “conseguiu impor perdas significativas aos inimigos”.
O estopim do conflito
O confronto teve início no dia 13 de junho, quando Israel lançou uma operação preventiva contra instalações nucleares iranianas, temendo que Teerã estivesse perto de obter uma bomba atômica.
As forças israelenses bombardearam alvos estratégicos, incluindo a usina de Fordow, localizada a 80 metros abaixo da superfície.
Em retaliação, o Irã lançou mísseis contra Tel Aviv, Jerusalém e Haifa, atingindo também cidades no sul de Israel, como Beersheva.
A resposta final iraniana incluiu o ataque a uma base americana no Catar, que, segundo a imprensa norte-americana, foi previamente avisado — indicando uma ação simbólica para evitar o agravamento da crise.