Impactos globais

JPMorgan alerta para estagflação nos EUA com efeito dominó no mundo

Banco prevê alta de tarifas, crescimento mais fraco, inflação resistente e riscos de recessão ainda em 2025.

Trump EUA Estados Unidos da America PetroleoOffshore
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  • JPMorgan projeta crescimento de 1,3% nos EUA, bem abaixo dos 2% estimados no início do ano.
  • Inflação deve reacender com tarifas, e risco de estagflação atinge 40%, segundo analistas.
  • Apesar dos riscos, banco mantém otimismo com ações dos EUA, puxadas por tecnologia e resiliência do consumo.

O JPMorgan Chase emitiu um alerta contundente sobre os rumos da economia norte-americana e os possíveis reflexos no restante do mundo. Segundo a instituição, os Estados Unidos caminham para uma desaceleração estagflacionária em meio a tarifas comerciais mais elevadas e pressão inflacionária persistente.

A previsão do banco é de que o PIB norte-americano cresça apenas 1,3% em 2025, abaixo da estimativa anterior de 2%. Para os analistas, o risco de recessão no segundo semestre já atinge 40%, o que levanta preocupações não apenas domésticas, mas também globais.

Estagflação: o pesadelo dos anos 1970 está de volta?

A palavra “estagflação” voltou ao radar do mercado. A combinação de crescimento fraco e inflação alta assombrou os Estados Unidos na década de 1970. Agora, segundo o JPMorgan, o cenário começa a se repetir. Para o banco, a política tarifária adotada pelo governo Trump funciona como um “choque negativo” sobre a economia.

Em abril, as tarifas anunciadas provocaram um surto de volatilidade no mercado de títulos, com disparada nos rendimentos dos papéis do Tesouro. Embora essa alta tenha se moderado, o JPMorgan vê um prêmio de risco de 40 a 50 pontos-base se consolidando nos próximos meses. O motivo seria o aumento do endividamento dos EUA, aliado à menor demanda por esses papéis por parte de estrangeiros, bancos e até do Federal Reserve.

Além disso, o banco acredita que os cortes nos juros devem vir mais tarde do que o mercado espera. Enquanto operadores ainda apostam em dois cortes de 25 pontos-base neste ano, o JPMorgan projeta um ciclo de corte de 100 pontos-base entre dezembro e meados de 2026.

Inflação persistente e juros mais altos por mais tempo

A avaliação do banco é clara: as tarifas devem reacender a inflação. Mesmo com o Federal Reserve mantendo os juros altos, a resiliência do consumo tem adiado a esperada desaceleração mais forte. Por isso, a instituição vê espaço para uma correção monetária mais agressiva — caso a recessão se confirme.

Apesar da perspectiva negativa para o crescimento, o otimismo com o mercado de ações persiste. O JPMorgan acredita que os fundamentos de empresas, principalmente do setor de tecnologia e inteligência artificial, seguem sólidos. Com isso, os índices de Wall Street ainda podem alcançar novas máximas.

A nota do banco destaca que, na ausência de choques políticos ou geopolíticos, a direção natural do mercado acionário é de alta. Esse movimento seria sustentado por estratégias sistemáticas de investimento e pela entrada contínua de capital ativo em momentos de baixa.

Efeitos globais: emergentes e dólar também sentirão o impacto

Além dos EUA, as consequências das tarifas devem se espalhar para economias emergentes e para o câmbio global. O JPMorgan projeta fraqueza no dólar ao longo do ano, impulsionada pela perspectiva de crescimento mais robusto fora dos EUA e por políticas de estímulo em outras regiões.

Para o Brasil, por exemplo, o cenário internacional pode significar maior fluxo para ativos locais, mas também aumenta os desafios de manter a inflação sob controle. A volatilidade cambial e os efeitos indiretos nos preços de importados são riscos que economistas locais já começam a monitorar com atenção.

O banco destaca que, embora o pior ainda possa ser evitado, a janela de tempo para ajustes econômicos eficazes está se fechando. O alerta serve como um lembrete da interconexão entre decisões políticas e os humores da economia global.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.