
- JPMorgan mantém exposição acima da média para o Brasil, com foco em juros em queda e eleições de 2026 como catalisadores.
- Carteira recomendada prioriza ações de bancos, serviços públicos e empresas ligadas à economia doméstica.
- Ibovespa pode atingir até 155 mil pontos até dezembro, segundo projeção otimista do banco.
O banco americano JPMorgan reforçou, em novo relatório publicado nesta quinta-feira (26), sua visão positiva sobre o Brasil, classificando o país como “uma das histórias mais interessantes dos mercados emergentes”. Sendo assim, a instituição manteve recomendação overweight (acima da média) para ações brasileiras no segundo semestre de 2025, destacando dois catalisadores principais: queda de juros e eleições de 2026.
Nesse sentido, mesmo com juros reais de 9%, os estrategistas afirmam que o crescimento segue surpreendendo, com inflação em queda e o real mais valorizado. Isso, segundo o banco, cria um ambiente favorável ao mercado de ações, especialmente em setores domésticos.
Expectativa de alívio monetário e influência política
O JPMorgan aponta que, à medida que o ciclo de flexibilização monetária avança, os setores ligados à economia interna tendem a se beneficiar. “O Brasil é hoje uma história de momentum e fluxo. Então, quando isso acontece, empresas de grande capitalização tendem a liderar o desempenho”, afirma o relatório.
Ademais, além dos juros, o banco destaca o fator eleitoral como outro motor relevante. Assim, as pesquisas já indicam queda na popularidade do presidente Lula e melhora nos índices de aprovação dos candidatos de oposição, o que renova o otimismo do mercado quanto ao possível retorno das reformas estruturais após 2026.
Desse modo, apesar da fragilidade fiscal ser frequentemente apontada como um risco, o banco acredita que “os mercados se cansaram dessa narrativa”, dando mais peso ao contexto macro e à perspectiva de mudança de governo. Portanto, essa combinação sustenta a confiança em um cenário favorável para ações brasileiras.
Carteira recomendada prioriza bancos, serviços e energia
A equipe de estratégia do JPMorgan apresentou sua carteira para o segundo semestre, com foco em empresas de grande capitalização e bom desempenho operacional. Entre os setores preferidos estão financeiro, utilities (serviços públicos) e empresas com perfil de proxies de títulos, ou seja, que se comportam como renda fixa em contextos de queda de juros.
Além disso, no setor financeiro, o banco vê potencial de crescimento de lucros, bom ponto de entrada e forte alinhamento com o cenário de afrouxamento monetário. Logo, empresas como Nubank, RD Saúde, Hypera, Sabesp, Suzano e Stone aparecem entre os destaques. Por fim, o setor imobiliário, embora já tenha subido no primeiro semestre, também é citado como oportunidade de valorização.
A seguir, as principais ações brasileiras indicadas pelo banco com recomendação overweight:
- Embraer (ERJ)
- Hypera (HYPE3)
- Marcopolo (POMO4)
- Multiplan (MULT3)
- Nubank (NU)
- PRIO (PRIO3)
- RD Saúde (RADL3)
- Sabesp (SBSP3)
- São Martinho (SMTO3)
- Stone (STNE)
- Suzano (SUZB3)
- Tenda (TEND3)
- Vale (VALE)
- Yduqs (YDUQ3)
Em suma, o banco reitera que, mesmo com volatilidade política no radar, os fundamentos das companhias seguem sólidos e os preços continuam atrativos.
Três cenários para o Ibovespa até o fim do ano
O JPMorgan traçou três possíveis caminhos para o Ibovespa até o fim de 2025. Então, no cenário base, o índice chegaria a 145 mil pontos, alta de 7% em relação ao fechamento da quarta-feira.
Ademais, no cenário bull, de maior otimismo, a projeção sobe para 155 mil pontos, o que representa um upside de 15%. Já o cenário bear, mais pessimista, projeta uma queda para 130 mil pontos.
Portanto, os estrategistas reforçam que, mesmo em um cenário adverso, os fatores “juros + eleições” devem estabelecer um piso para a Bolsa, protegendo parcialmente os ativos. “Com a aproximação de 2026, acreditamos ser fundamental estarmos posicionados no Brasil”, conclui o documento.