
- Leilão arrecadou até R$ 28 bilhões com venda de 74,5 milhões de barris, superando a meta inicial do governo.
- Petrobras arrematou quatro dos sete lotes; Petrochina, Equinor e Galp/ExxonMobil completaram a lista de vencedores.
- PPSA já planeja novo leilão em 2026, com potencial de arrecadar R$ 37 bilhões ao longo de 2027.
O 5º leilão de petróleo da União realizado nesta quinta-feira (26) superou as projeções do governo federal e poderá arrecadar até R$ 28 bilhões entre 2025 e 2026. Assim, o valor supera a estimativa inicial de R$ 25 bilhões, feita pelo Ministério de Minas e Energia (MME). O certame envolveu a comercialização de 74,5 milhões de barris de petróleo e gás natural sob o regime de partilha.
A operação foi conduzida pela PPSA (Pré-Sal Petróleo S.A.), estatal responsável por administrar os contratos de partilha nos campos do pré-sal. Então, os vencedores do leilão assumem a retirada direta do óleo nas plataformas e podem revendê-lo no Brasil ou no exterior, sem restrições de preço ou de mercado.
Participação recorde e concorrência acirrada
O leilão foi marcado por participação recorde de empresas, incluindo gigantes estrangeiras como Equinor (Noruega) e ExxonMobil (EUA), que estrearam nesse tipo de certame no Brasil. Além disso, a Petrobras foi destaque, arrematando 4 dos 7 lotes ofertados, reforçando sua posição como principal operadora do pré-sal.
Além dela, a Petrochina — em consórcio com a Refinaria de Mataripe — ficou com dois lotes. Já o consórcio Galp/ExxonMobil levou um. Nesse sentido, segundo a PPSA, os valores ofertados por barril bateram recordes históricos, refletindo o apetite do mercado global por óleo de alta qualidade e previsibilidade jurídica.
Desse modo, o lance mais competitivo veio do consórcio Petrochina/Mataripe, que ofereceu um desconto de apenas US$ 0,65 por barril em relação à cotação do Brent para o campo de Itapu. Portanto, em todos os casos, os descontos refletem os custos logísticos que os compradores assumem ao retirar o petróleo diretamente das plataformas offshore.
Lotes vendidos e valores ofertados
O lote com maior volume foi o Mero/Alexandre de Gusmão, com 17,5 milhões de barris, arrematado pela Petrobras com um desconto de US$ 1,54 por barril. No entanto, o lote mais disputado foi Itapu, devido ao baixo deságio. Logo, no total, os sete lotes somam 74,5 milhões de barris, divididos da seguinte forma:
- Lote 1 – Mero/Guanabara: Petrobras, 14 mi de barris, desconto de US$ 1,22
- Lote 2 – Mero/Sepetiba: Galp/ExxonMobil, 14 mi de barris, US$ 1,35
- Lote 3 – Mero/Duque de Caxias: Equinor, 14 mi, US$ 1,11
- Lote 4 – Mero/Alexandre de Gusmão: Petrobras, 17,5 mi, US$ 1,54
- Lote 5 – Búzios: Petrochina/Mataripe, 3,5 mi, US$ 1,15
- Lote 6 – Itapu: Petrochina/Mataripe, 6,5 mi, US$ 0,65
- Lote 7 – Sépia: Petrobras, 5 mi, US$ 1,69
Dessa maneira, segundo Luiz Fernando Paroli, presidente da PPSA, “batemos recorde de participação, de preço e de ágio. Foi um sucesso absoluto”. Além disso, ele também ressaltou que o modelo de venda direta nas plataformas vem se mostrando eficaz para atrair interessados internacionais, gerando maior concorrência.
Próximo leilão deve superar marca atual
Paroli antecipou que a PPSA já trabalha para realizar novo leilão em 2026, com previsão de oferta de 100 milhões de barris, o que pode render até R$ 37 bilhões em arrecadação em 2027. Assim, a expectativa é repetir o sucesso deste ano, consolidando o Brasil como fornecedor estratégico de óleo de alta produtividade.
Ademais, a PPSA foi criada em 2013 e atua como representante da União nos contratos de partilha. No atual modelo, as empresas operadoras entregam parte do petróleo extraído ao governo, que o comercializa. A arrecadação contribui diretamente para o caixa federal e reforça as contas públicas em momentos de dificuldade fiscal.
Neste caso específico, o certame faz parte de um esforço do governo Lula para evitar o aumento do IOF, que enfrenta resistência no Congresso. Portanto, o leilão se tornou, assim, uma das principais apostas do Planalto para elevar a receita sem criar novos impostos, especialmente diante do aperto orçamentário.