Temporada de balanços

Lucro-surpresa no varejo: Setor reage e dispara no 1T25 apesar de juros altos

Mesmo sob o peso da cautela macroeconômica, empresas como C&A, Azzas, Renner e Mercado Livre surpreendem com margens em alta.

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  • Setor de varejo surpreende positivamente no 1T25, com lucro líquido de R$ 473 milhões após prejuízo em 2024
  • C&A, Azzas, Renner, Vivara e Mercado Livre lideram em crescimento, margens e superação de expectativas
  • Apesar da recuperação, analistas mantêm cautela com o consumo na segunda metade do ano devido aos juros elevados

A temporada de balanços do primeiro trimestre de 2025 (1T25) encerrou com um desempenho surpreendentemente positivo para o setor de varejo e consumo no Brasil.

Apesar do cenário macroeconômico adverso, com juros ainda elevados e sinais de moderação no consumo, empresas de diferentes segmentos (de vestuário ao e-commerce) conseguiram entregar crescimento relevante de receita, margens operacionais mais robustas e retomada dos lucros.

Segundo análise do banco Safra, embora persista a cautela com a segunda metade do ano, os resultados vieram majoritariamente acima do esperado, indicando uma recuperação mais sólida do que se previa.

O BTG Pactual, que já contava com uma leve retomada após a fraqueza do 4T24, afirma que os números do 1T25 “deixaram um gosto ainda melhor”, com avanço de 9% na receita líquida anual, crescimento de 18% no Ebitda e salto de R$ 155 milhões negativos para R$ 473 milhões positivos no resultado líquido consolidado.

Destaques de peso no vestuário e luxo acessível

Entre os maiores destaques estão C&A (CEAB3), Azzas (AZZA3), Lojas Renner (LREN3) e Alpargatas (ALPA4), com desempenho acima da média do setor. A C&A liderou o crescimento em vendas mesmas lojas (SSS) com alta de 13% ano a ano, seguida de perto por Renner (10,8%) e Guararapes (10,7%).

Além disso, todas conseguiram expandir suas margens e melhorar a lucratividade, principalmente por conta de ajustes de despesas e maior eficiência operacional.

A Azzas, por sua vez, começou a colher os frutos de suas sinergias pós-fusões e aquisições, superando em 180 pontos-base a projeção de margem Ebitda. Já no setor de calçados, a Alpargatas apresentou recuperação consistente no Brasil, com aumento de 14% nos volumes domésticos, compensando parcialmente a queda de 16% nas vendas internacionais.

O segmento de “luxo acessível” também manteve força. A Vivara, destaque entre os analistas, superou expectativas de receita e lucratividade, expandindo a margem Ebitda em 410 pontos-base em relação ao 1T24 e obtendo ganhos expressivos em eficiência e controle de despesas.

Mercado Livre domina no e-commerce

O e-commerce viu o Mercado Livre (MELI34) brilhar mais uma vez. A companhia reportou crescimento de 30% no GMV e EBIT 21% acima das projeções, com destaque para o desempenho da Argentina, que teve crescimento de receita de 184% em moeda neutra. O avanço compensou pressões de custo no Brasil e México, reforçando o papel do MELI como líder do setor.

Enquanto isso, o Magazine Luiza (MGLU3) enfrentou retração na divisão digital, parcialmente equilibrada por recuperação nas lojas físicas e melhora operacional. A Casas Bahia (BHIA3) apresentou avanço no Ebitda, embora ainda enfrente desafios estruturais.

Supermercados mostram resiliência

No varejo alimentar, o Assaí (ASAI3) entregou crescimento de 8% na receita líquida, em linha com as projeções, e manteve sua trajetória de desalavancagem. O Grupo Mateus também superou em lucro e Ebitda, mesmo com vendas levemente abaixo do esperado.

O GPA, no entanto, trouxe um quadro misto: embora tenha superado as previsões de receita e margem, sua alavancagem financeira ainda preocupa. A estrutura de capital fragilizada continua sendo o ponto de atenção, apesar de sinais de recuperação via fluxo de caixa positivo.

Expectativas para o 2º semestre dividem analistas

Apesar do otimismo gerado pelos números do 1T25, tanto o Safra quanto o BTG alertam para riscos crescentes no segundo semestre. Com os juros ainda em patamar elevado e perspectivas de consumo mais moderado, os investidores devem manter cautela.

Ainda assim, os analistas do BTG veem espaço para revisões positivas de lucro em nomes selecionados, como MELI, Azzas, Renner, C&A e Smartfit. “Os múltiplos ainda chamam atenção, e a exposição ao setor permanece pequena”, destacam, indicando potencial para valorização mesmo após a recente alta das ações.

Rocha Schwartz
Paola Rocha Schwartz

Estudante de Jornalismo, movida pelo interesse em produzir conteúdos relevantes e dar voz a diferentes perspectivas. Possuo experiência nas áreas educacional e administrativa, o que contribuiu para desenvolver uma comunicação clara, empática e eficiente.

Estudante de Jornalismo, movida pelo interesse em produzir conteúdos relevantes e dar voz a diferentes perspectivas. Possuo experiência nas áreas educacional e administrativa, o que contribuiu para desenvolver uma comunicação clara, empática e eficiente.