
- Lula perdeu 1 milhão de seguidores nas redes sociais entre janeiro e maio, com pico de 2,8 milhões de críticas em abril.
- Discurso desconectado e ausência de autocrítica alimentam a percepção de despreparo e populismo.
- Sem diálogo com novos públicos, Lula perde espaço digital para a oposição, que avança com agilidade e estratégia.
A um ano da campanha de 2026, o presidente Lula vê sua presença digital ruir: levantamento mostra perda de seguidores, explosão de críticas e dificuldade em dialogar com públicos fora de sua bolha política.
Rejeição digital expõe desgaste do governo
As redes sociais de Lula têm mostrado um retrato preocupante para o Planalto. Segundo estudo da agência Ativaweb, o presidente perdeu 1 milhão de seguidores no Instagram e Facebook entre janeiro e maio de 2025. A queda reflete não apenas um desinteresse crescente, mas também uma rejeição explícita ao discurso presidencial.
O pior momento ocorreu em abril, quando a Polícia Federal deflagrou a “Operação Sem Desconto”. A investigação mirou fraudes nos descontos aplicados a aposentados e pensionistas no INSS. Apesar de o esquema ter origem no governo anterior, a permanência durante a atual gestão ampliou a cobrança por responsabilidade.
Durante esse mês, Lula perdeu cerca de 240 mil seguidores. A média mensal foi de 195 mil baixas, demonstrando que o problema não se limita a um episódio isolado. As redes, cada vez mais críticas, expõem uma crise de imagem que cresce mês a mês.
Além disso, o índice de menções negativas ao presidente nas plataformas da Meta ultrapassou os 70%. Abril, novamente, liderou com 79% de rejeição e picos de 2,8 milhões de críticas em apenas 24 horas. Esses números revelam um ambiente hostil à comunicação governamental.
Linguagem mal calibrada afasta o eleitorado
Outro fator que contribui para o desgaste nas redes sociais é a inadequação do discurso presidencial. Em vez de ampliar o diálogo, Lula tem optado por falas que ressoam apenas entre os convertidos. Essa escolha limita o alcance e impede o governo de reconquistar eleitores indecisos ou frustrados.
O caso mais emblemático dessa falha de comunicação aconteceu em abril. Em um evento público, Lula declarou que Deus teria deixado o sertão sem água porque sabia que ele nasceria para resolver o problema. A fala foi amplamente criticada por soar arrogante, messiânica e desconectada da realidade dos brasileiros.
A falta de correção ou retratação reforçou ainda mais a percepção de insensibilidade e descompasso. Quando o líder máximo do país evita reconhecer erros ou mal-entendidos, a consequência natural é o fortalecimento de narrativas oposicionistas.
Além disso, o uso recorrente de frases de efeito e de um tom populista — típico das campanhas, mas inadequado ao exercício do cargo — tem gerado mais desgaste do que apoio. O humor digital, rápido e ácido, não perdoa deslizes de comunicação.
Oposição capitaliza silêncio e erro estratégico
Enquanto o presidente se isola em sua bolha, a oposição aproveita cada vacilo para ampliar seu alcance nas redes. Grupos bolsonaristas, especialmente ativos no ambiente digital, têm capitalizado as falas infelizes e os recuos do governo para alimentar sua base.
Termos como “despreparo”, “populismo”, “INSS” e “cadê a picanha?” dominaram o ambiente digital entre janeiro e maio. O uso dessas expressões reforça a associação do governo Lula a promessas não cumpridas e escândalos não solucionados.
A falta de uma estratégia de comunicação clara e eficaz enfraquece ainda mais a presença do presidente nas redes. Ao não investir em uma linguagem que dialogue com o cidadão comum — fora de sua base histórica —, Lula entrega à oposição o protagonismo do debate público digital.
Nesse cenário, até mesmo eleitores moderados começam a expressar frustração. O silêncio diante das críticas e o afastamento dos temas sensíveis aumentam a sensação de que o presidente não enxerga os problemas reais da população.