Nova chefe do INSS promete devolver dinheiro dos aposentados

O governo federal nomeou Débora Floriano, atual diretora de Operações e Logística do órgão, como a nova presidente interina a partir desta quinta-feira (24). A decisão foi tomada em uma reunião do ministro da Previdência, Carlos Lupi, com outros diretores e superintendentes.

Essa troca de comando ocorre em um momento turbulento para o INSS. Débora assume o posto apenas um dia após a demissão de Alessandro Stefanutto. A saída de Stefanutto está diretamente ligada a uma operação deflagrada pela Polícia Federal (PF) e pela Controladoria-Geral da União (CGU) na quarta-feira (23). A investigação apura supostas fraudes em larga escala envolvendo descontos indevidos em aposentadorias e benefícios de segurados.

Quem é a nova comandante interina?

Débora Floriano é funcionária de carreira do INSS desde 2008, onde iniciou como analista do Seguro Social. Formada em direito, ela já passou por cargos importantes dentro do instituto, como a Coordenação de Compras e Serviços e a Coordenação-Geral de Licitações e Contratos. Desde setembro de 2023, ela comanda a Diretoria de Orçamento, Finanças e Logística, mostrando ter experiência na gestão interna do órgão.

Antes mesmo de ser oficialmente anunciada como presidente interina, Débora Floriano já estava atuando na linha de frente da crise. Nesta quinta-feira, ela deu uma entrevista ao lado do ministro da CGU, Vinicius Marques de Carvalho, e fez um pronunciamento importante. Foi ela quem afirmou que o INSS vai elaborar um plano detalhado para devolver os valores que foram cobrados indevidamente dos beneficiários. No entanto, o formato exato e o cronograma dessa devolução ainda dependem de se descobrir o tamanho real da fraude.

Para tranquilizar os aposentados e pensionistas, a CGU e o INSS já anunciaram medidas imediatas:

• Os descontos suspeitos serão interrompidos já nos contracheques de maio. Portanto, não é necessário que os segurados corram às agências do INSS para tentar bloquear novas cobranças.
• Caso alguma parcela indevida já tenha sido lançada para desconto futuro, esse valor não será repassado às entidades suspeitas e será ressarcido ao beneficiário no mês seguinte.

A dimensão financeira da suposta fraude é assustadora. Segundo as investigações, o valor total descontado dos aposentados por essas entidades desde 2019 pode chegar a R$ 6,3 bilhões. Ainda não se sabe exatamente quanto desse montante foi obtido de forma ilegal e quanto seguiu as regras permitidas para associações. No entanto, a operação desta semana já conseguiu bloquear cerca de R$ 2 bilhões que seriam repassados às entidades investigadas. O governo federal informou que esse valor bloqueado deve ser incluído no plano de ressarcimento.

As investigações apontam que pelo menos 11 entidades associativas são suspeitas de realizar esses descontos não autorizados ou irregulares nos benefícios. A operação da PF e CGU ocorreu em diversos estados, cumprindo mandados de busca e apreensão e efetuando prisões preventivas, indicando a gravidade e a extensão do esquema investigado. A prioridade agora, sob a gestão interina de Débora Floriano, é estancar a sangria e encontrar a melhor forma de reparar o dano causado aos segurados.