Cenário fiscal

Governo Lula prepara estratégia polêmica para evitar rombo dos Correios em 2026

Flexibilização na meta das estatais deve aliviar pressão eleitoral, mas reacende temor fiscal nos bastidores.

Correios
  • Governo estuda flexibilizar meta das estatais em 2026 para absorver rombo dos Correios
  • Ala econômica teme impacto na dívida pública e desgaste com investidores
  • Empréstimo de R$ 20 bilhões gera pressão fiscal e exige revisão do limite de déficit

O governo Lula começou a discutir uma flexibilização da meta fiscal das estatais em 2026, movimento considerado necessário para acomodar o impacto financeiro do plano de reestruturação dos Correios. A avaliação interna é que, sem essa mudança, o Executivo repetiria o bloqueio de despesas aplicado em 2025, quando segurou R$ 3 bilhões para compensar o déficit das empresas públicas.

A discussão ganhou força porque o rombo da estatal ultrapassou as previsões. Assim, integrantes da equipe econômica reconhecem que a meta atual não cobre os custos do plano de socorro, que exige aportes expressivos e imediatos.

Correios exigem ajuste maior que o previsto e elevam pressão sobre o Orçamento

O desequilíbrio vem do pacote de recuperação dos Correios, que aprovou um empréstimo de R$ 20 bilhões junto a bancos públicos e privados.

Embora o valor entre como receita financeira, as despesas ligadas ao plano, como demissões voluntárias, quitação de dívidas e modernização operacional, contam como gastos primários e pressionam as contas das estatais.

O PLDO de 2026, enviado antes do agravamento da crise, previa déficit de até R$ 6,75 bilhões para as empresas públicas, além de R$ 5 bilhões extras para investimentos do PAC. Contudo, auxiliares admitem que esse limite ficou defasado e já não cobre o impacto do plano de sustentabilidade da estatal.

A tendência, portanto, é ampliar o déficit permitido, desde que os Correios apresentem cronograma claro e compromissos firmes de ajuste. O novo número ainda depende das projeções atualizadas da empresa.

Medida divide governo e aumenta preocupação com dívida pública

Apesar do avanço interno da proposta, a ideia não é consenso. Uma ala do governo teme que a mudança gere deterioração da percepção de risco, especialmente porque investidores acompanham com atenção o comportamento da dívida pública.

Mesmo com cálculo separado, um déficit maior das estatais pode afetar o indicador agregado, num momento em que o governo busca sinalizar disciplina com o arcabouço fiscal. Além disso, analistas afirmam que a alteração pode ampliar dúvidas sobre o compromisso com o ajuste.

Ainda assim, aliados de Lula acreditam que a flexibilização é o caminho “menos danoso”, já que evita cortes adicionais em um ano eleitoral e reduz pressões sobre programas federais.

Meta do governo central adiciona novo elemento de tensão

Para 2026, a meta do governo central projeta superávit de 0,25% do PIB, com margem para déficit zero. A equipe econômica argumenta que respeitar esse objetivo já será um desafio, especialmente diante da atividade mais fraca e da necessidade de recompor gastos represados.

Com o novo arranjo, a estratégia será isolar o impacto dos Correios dentro do grupo das estatais, preservando o resultado do governo central. Apesar disso, integrantes da área fiscal reconhecem que a pressão por mais despesas tende a aumentar conforme o calendário eleitoral avançar.

O Planalto, entretanto, avalia que o custo político de um novo bloqueio seria mais alto do que o desgaste de flexibilizar a meta. Por isso, o debate deve ganhar força no início de 2026.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.