Refúgio dos investidores

Ouro sobe com tensão entre EUA e Irã e mercado teme nova escalada no Oriente Médio

Ataques do fim de semana colocam investidores em alerta; projeções indicam volatilidade até 2026, mas cenário segue positivo no longo prazo.

Barras de ouro - Reprodução: Redes sociais
Barras de ouro - Reprodução: Redes sociais
  • Conflito entre EUA e Irã impulsiona busca por segurança, elevando o preço do ouro no curto prazo.
  • Expectativa de queda dos juros nos EUA em 2026 pode fortalecer o metal no médio prazo.
  • Demanda internacional, sobretudo da China e de bancos centrais, deve limitar quedas em 2025 e sustentar nova alta em 2026.

O ouro voltou a subir nesta segunda-feira (23), em meio à escalada da tensão entre Estados Unidos e Irã. Após os ataques norte-americanos no fim de semana, o mercado reagiu com cautela diante da ameaça de retaliações diretas do governo iraniano contra alvos americanos no Oriente Médio.

A reação imediata não demorou. Ainda nesta segunda, o Irã ordenou ações de resposta na região. Diante disso, os investidores buscaram ativos de proteção, o que elevou o preço do ouro em um dia marcado por forte volatilidade nos mercados internacionais.

Cotação sobe, e mercado acompanha geopolítica

Na Comex, divisão de metais da Bolsa de Nova York (Nymex), o contrato mais negociado do ouro — com vencimento em agosto — fechou em alta de 0,27%, cotado a US$ 3.395,00 por onça-troy.

Essa valorização, embora moderada, refletiu a percepção de risco crescente. Apesar disso, outros fatores, como a política monetária do Federal Reserve (Fed), ficaram em segundo plano na leitura dos agentes financeiros.

A consultoria Capital Economics alerta que o desempenho explosivo do ouro nos primeiros meses de 2025 dificilmente será repetido no segundo semestre. Ainda assim, o cenário permanece favorável no médio prazo.

Fed, dólar e China no radar dos analistas

Para a Capital Economics, três fatores principais influenciarão o comportamento do ouro nos próximos meses: o rumo da taxa de juros nos EUA, a força do dólar e a demanda chinesa. A expectativa é de que o Fed afrouxe a política monetária em 2026, o que tende a dar novo impulso ao metal precioso.

“Acreditamos que o restante deste ano será mais desafiador. Esperamos uma recuperação do dólar, o que limita novos avanços do ouro no curto prazo”, afirmou a consultoria.

Apesar disso, a instituição ressalta que a relação entre o ouro e seus impulsionadores tradicionais — como inflação, juros e dólar — voltou a ganhar força nos últimos anos. Isso significa que qualquer sinal de enfraquecimento da moeda americana ou nova turbulência global pode reacender a valorização do metal.

Previsão: queda leve em 2025, salto em 2026

Segundo o relatório, o ouro deve encerrar 2025 cotado a cerca de US$ 3.300, uma leve queda em relação aos níveis atuais. Contudo, a tendência se inverte já em 2026, quando a consultoria prevê que o metal chegará a US$ 3.600 por onça, superando o consenso de mercado.

Esse otimismo se baseia não só em fatores econômicos, mas também na manutenção das incertezas geopolíticas globais. Além disso, a crescente demanda dos bancos centrais e da China deve oferecer sustentação aos preços, evitando quedas mais acentuadas.

A guerra no Oriente Médio, combinada ao movimento dos grandes players globais, reforça o ouro como ativo de defesa em tempos de instabilidade. Por isso, analistas continuam recomendando exposição moderada ao metal como forma de proteção no portfólio.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.