Viés positivo

Medo de guerra faz ouro brilhar: metal sobe mais de 1% com tensão entre Irã e Israel

Busca por segurança impulsiona metal precioso, mesmo com valorização da moeda americana.

Barras de ouro - Reprodução: Redes sociais
Barras de ouro - Reprodução: Redes sociais
  • Ouro sobe 1,48% com tensões entre Irã e Israel e risco geopolítico.
  • Investidores buscam proteção mesmo com dólar forte e juros altos.
  • Expectativa é de manutenção da alta se conflito se intensificar.

O ouro voltou a ser o refúgio preferido dos investidores nesta sexta-feira (13), ao fechar em forte alta em meio à tensão geopolítica no Oriente Médio. Assim, a escalada no conflito entre Israel e Irã elevou o nível de incerteza global e fez o mercado financeiro correr para ativos considerados mais seguros.

Nesse sentido, o contrato mais líquido do ouro, com vencimento em agosto, subiu 1,48% na Comex, da Bolsa de Nova York (Nymex), alcançando US$ 3.452,8 por onça-troy. Na semana, o metal valorizou 3,17%. O movimento ocorre apesar da valorização do dólar, indicando uma mudança no padrão tradicional de correlação entre os dois ativos.

Conflito impulsiona fuga para segurança

Os ataques cruzados entre Irã e Israel acenderam o alerta nos mercados globais. Então, a aversão ao risco aumentou consideravelmente após bombardeios israelenses no território iraniano e a resposta do país persa com drones. Logo, o medo de um confronto prolongado elevou a busca por proteção.

Nessas horas, o ouro costuma ser o primeiro destino dos investidores cautelosos. Segundo David Morrison, da Trade Nation, o metal já vinha tentando romper a barreira de US$ 3.400 há semanas. Então, com a nova escalada do conflito, conseguiu superar esse nível e pode mantê-lo, dependendo da evolução nos próximos dias.

Além disso, ocomportamento do ouro também foi favorecido pelo recuo em bolsas globais e por incertezas sobre a política monetária nos Estados Unidos. Com dúvidas em relação aos próximos passos do Federal Reserve (Fed), o mercado opta por proteger capital. A alta dos juros já parece precificada, e novos elementos agora pesam nas decisões.

Desse modo, mesmo com o dólar forte, o ouro sustentou a alta. Portanto, essa combinação, segundo analistas, mostra que o metal está respondendo a fatores mais complexos que apenas a moeda americana.

Nova dinâmica nos mercados

A leitura sobre a correlação entre ouro e dólar está mudando. Tradicionalmente, a valorização da moeda dos EUA pressiona os preços do metal. No entanto, nas últimas semanas, essa lógica se inverteu em algumas sessões, devido à natureza das incertezas políticas e econômicas atuais.

Sendo assim, para o Commerzbank, o ouro pode estar se beneficiando de uma possível perda de status do dólar como porto seguro. Logo, o banco alemão destaca que os ataques à independência do Fed e os ruídos em torno da liderança global dos EUA aumentam o apelo do ouro, que não sofre influência direta de políticas nacionais.

Isso explica o apetite por ouro mesmo em um momento de valorização do dólar e juros elevados. Na prática, o ativo continua sendo visto como um hedge confiável em tempos de turbulência. E como não depende de governos ou emissões, segue atraente para bancos centrais e investidores privados.

Portanto, a projeção do Commerzbank é de que o metal mantenha forte demanda. Apesar dos preços altos, a instituição acredita que a instabilidade geopolítica manterá os fluxos de compra elevados no curto e médio prazos.

Perspectivas para o ouro

Para os próximos dias, os desdobramentos no Oriente Médio seguirão como o principal gatilho. Então, caso o conflito se intensifique, o metal deve continuar valorizando. Já se houver sinais de trégua ou intervenção diplomática, pode haver realização de lucros e acomodação dos preços.

Além disso, no radar dos analistas também estão os indicadores econômicos dos EUA. Qualquer surpresa nos dados de inflação ou emprego pode mudar a percepção sobre o rumo dos juros e, por consequência, afetar o apetite por ouro.

Ademais, mesmo com esses fatores, o viés para o metal segue positivo. A resistência técnica em US$ 3.400 foi rompida, e agora o mercado observa se haverá fôlego para sustentar níveis mais altos. O suporte imediato está em torno de US$ 3.380.

Em suma, diante da instabilidade global, o ouro reforça seu papel como ativo estratégico. Portanto, em momentos como o atual, o metal volta aos holofotes e tende a ganhar espaço nas carteiras dos investidores mais prudentes.

Luiz Fernando

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.

Licenciado em Letras e Graduando em Jornalismo pela UFOP; Atua como redator realizando a cobertura sobre política, economia, empresas e investimentos.