
- O aumento do IOF pode custar R$ 600 milhões por ano às aéreas, inviabilizando investimentos e aumentando passagens
- Latam, Gol e Azul enfrentam recuperação judicial e dólar alto; medida piora cenário e beneficia concorrentes estrangeiras
- Frentes parlamentares pressionam pela derrubada do decreto, alertando para riscos ao empreendedorismo e à competitividade
As três maiores companhias aéreas do Brasil — Latam, Gol e Azul — bateram à porta do governo para pedir a revisão imediata do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Em um ofício enviado ao Ministério da Fazenda, à Casa Civil e ao Ministério de Portos e Aeroportos, a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) alertou: se o governo mantiver a alta do IOF, os preços das passagens podem disparar, e as empresas brasileiras perderão competitividade para rivais estrangeiras.
O setor calcula que o impacto financeiro chegará a R$ 600 milhões por ano. Contudo, valor suficiente para alugar 25 aviões Boeing 737 ou 40 aeronaves Embraer 190 durante 12 meses.
Esse custo extra surge em um momento crítico para as aéreas. Visto que, a Latam acaba de sair de uma reestruturação, a Gol está em recuperação judicial nos EUA, e a Azul avalia seguir o mesmo caminho. Além disso, o dólar próximo de R$ 6 já pressiona as operações.
Financiamentos bancários
As empresas argumentam que o aumento do IOF afeta diretamente operações essenciais. Como: leasing de aeronaves, compra de peças no exterior e financiamentos bancários. Enquanto isso, companhias aéreas estrangeiras, que realizam essas transações em outros países, não sofrem o mesmo impacto.
“Isso distorce a concorrência e penaliza o consumidor brasileiro”, afirmou um representante da Abear.
O governo, porém, parece ignorar o apelo. A medida contradiz até mesmo iniciativas recentes de apoio ao setor. Ainda, como a liberação de recursos do Fundo Nacional de Aviação Civil (FNAC) para financiar aeronaves e combustível sustentável.
Enquanto isso, no Congresso, frentes parlamentares já se mobilizam para derrubar o decreto. Doze grupos, incluindo a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e a Frente Parlamentar do Empreendedorismo (FPE), assinaram uma nota em apoio a um Projeto de Decreto Legislativo (PDL) que suspende os efeitos do aumento.
“O governo está criando uma bomba-relógio para a aviação civil. Se nada for feito, os preços vão subir, e o Brasil perderá voos e rotas”, alertou um executivo do setor sob condição de anonimato.